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Museu queima obras de arte em protesto contra recessão italiana

Primeira "vítima" é o francês "La Promenade", que valia € 10 mil

SILAS MARTÍ
EM ROTERDÃ

Antonio Manfredi, diretor do Museu Casoria de Arte Contemporânea de Nápoles, não sabia mais a quem pedir dinheiro. Decidiu protestar, prometendo queimar três obras de arte por semana para atrair atenção para o baixo investimento na cultura.

"Trabalhamos sem receber nada. Uso dinheiro do meu bolso, e alguns amigos ajudam a bancar o museu", afirma o diretor à Folha.

A primeira vítima foi o quadro francês "La Promenade", com valor estimado em até € 10 mil (R$ 24 mil).

Séverine Bourguignon, autora da obra, acompanhou por Skype a queima, notando que "destruição é sacrifício". Ela apoia a manifestação, porém.

"Vou queimar todas as obras, se ninguém me impedir. Mas imploro que me impeçam", diz Manfredi.

Ele dirige o Casoria há sete anos. A instituição não recebe fundos públicos, e a recessão fez secar o manancial de financiamento privado. A máfia Camorra, que tem comprado os negócios locais, não repassa fundos ao museu.

Segundo o jornal "Corriere della Sera", essas agruras são sentidas, também, por museus públicos em Roma e Palermo, com escasso capital para novas exposições.

Conforme a Itália corta gastos para sanear uma economia endividada e deficitária, o segmento cultural agoniza. O romano MAXXI foi colocado no início deste mês sob supervisão administrativa devido a dificuldades financeiras. O Madre, em Nápoles, fechou dois andares.

"Antes que queimem o museu com o descaso, eu mesmo decidir queimar as obras", afirma Manfredi.

Com agências de notícias

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