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Sudão bombardeia fronteira, e cresce receio de guerra com o sul Aviões de Cartum atingem cidades no Sudão do Sul; disputa por petróleo alimenta o conflito Ditador sudanês, Omar Bashir, diz que não vai negociar com Juba; EUA e União Africana pedem uma solução negociada
Aviões da força aérea sudanesa bombardearam ontem a fronteira com o Sudão do Sul. Áreas perto da cidade de Bentiu e um mercado em Rubkona foram atingidos. O número de mortos e feridos era incerto, mas um jornalista da France Presse relatou ter visto centenas de corpos de soldados sul-sudaneses na área atingida. Uma criança morta foi retirada dos escombros do mercado. Desde a escalada das tensões entre os países vizinhos, há duas semanas, estima-se que milhares de sul-sudaneses tenham sido mortos. Segundo a Anistia Internacional, cerca de 200 pessoas estão chegando por dia ao campo de refugiados em Yida, localizado a 11 km da fronteira. Com o acirramento da retórica belicista, crescem os temores de uma guerra ampla entre os dois países. "Não vamos negociar com o governo do sul porque eles não entendem nada a não ser a língua das armas", disse ontem o ditador sudanês, Omar Bashir, durante visita a Heglig. A crise estourou depois que forças do Sudão do Sul ocuparam a cidade, que abriga um dos maiores campos de petróleo da região. Até então, a área -disputada pelos dois vizinhos- estava sob controle do Sudão e era de onde Cartum extraía 70% da produção total do país. Cartum diz já ter retomado o controle da região à força, mas Juba declara ter se retirado a pedido da ONU e da União Africana (UA). Em julho do ano passado, o Sudão do Sul se tornou independente do Sudão, encerrando mais de 20 anos de guerra civil entre o norte (muçulmano e árabe) e o sul (cristão e negro). No entanto, ficaram em aberto três pontos: fronteiras, receitas petrolíferas e cidadania. Com o Sudão do Sul independente, Cartum perdeu 75% das fontes de petróleo. As reservas estão em território sul-sudanês. Desde janeiro, toda a produção de petróleo foi paralisada pelo Sudão do Sul, em protesto por falta de pagamentos de Cartum. O presidente dos EUA, Barack Obama, encorajou os dois países a retomarem negociações, e a UA discutirá o conflito em reunião na Etiópia nesta semana. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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