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'Sudão nos declarou guerra', afirma o líder do Sudão do Sul

Em visita oficial à China, presidente Salva Kiir condena bombardeios de aviões sudaneses a áreas na fronteira

Regiões em disputa são ricas em petróleo; analista militar diz que retórica belicista não se traduz em guerra ainda

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, afirmou ontem em Pequim que Cartum "declarou guerra", após semanas de conflitos entre os dois países na fronteira.

Ele visitava a China, que compra petróleo dos dois países, mas é aliada de longa data do ditador sudanês, Omar Bashir. O Sudão do Sul negocia com Pequim a construção de um oleoduto para escoar petróleo pelo Quênia.

"Minha visita acontece em um momento crítico para o Sudão do Sul, pois Cartum declarou guerra ao nosso país", disse Kiir. Ele interpretou como afronta os recorrentes bombardeios sudaneses.

Na semana passada, Bashir não declarou guerra com todas as letras, mas prometeu "libertar" o Sudão do Sul.

Ontem, aviões sudaneses voltaram a bombardear a fronteira com o Sudão do Sul, que se separou do Sudão no ano passado, após décadas de uma guerra que deixou ao menos 2 milhões de mortos.

Os confrontos entre os dois países são intensos desde março, por questões não resolvidas sobre delimitação de fronteiras e divisas do petróleo. Cresce o temor de uma guerra total.

"Não há uma guerra declarada ainda. Apesar dos bombardeios, não vemos uma escalada do conflito, no sentido militar", afirmou à Folha o britânico Richard Rands, consultor militar do governo do Sudão do Sul e analista do grupo Small Arms Survey, em Genebra (Suíça).

Segundo Rands, os comentários de Salva Kiir pretendiam causar impacto internacional. "Não há a intenção de ir à guerra; ele tenta ganhar apoio contra Bashir." Desde a independência do Sudão do Sul, Cartum bombardeia áreas em disputa na fronteira dos países.

"Os conflitos devem continuar na região. Podem ou não se intensificar, mas esta será uma guerra de fronteiras", disse Rands. A chegada iminente da estação das chuvas também pode reduzir a mobilidade das tropas e a escala dos confrontos.

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