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EUA querem parceria contra ciberataques

Treinamento conjunto de militares brasileiros e americanos na África também é citado por secretário de Defesa

Panetta diz que EUA não podem garantir sozinhos segurança do hemisfério e querem cooperação brasileira

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

O secretário da Defesa americano, Leon Panetta, propôs parcerias ao Brasil no desenvolvimento da defesa contra ataques cibernéticos, "o campo de batalha do futuro", e no treinamento de militares da África.

Em discurso ontem na Escola Superior de Guerra, Panetta disse que os EUA não podem mais garantir sozinhos a segurança do continente e buscam, como parte de sua nova estratégia militar, aumentar a cooperação com o Brasil na região e no mundo.

Ele afirmou que Washington apoia a ascensão do Brasil como "líder global" e que a relação militar deve ser "fundamentalmente diferente" da que existia antes.

"Hoje, é uma relação entre duas potências globais. Um Brasil mais forte e mais engajado globalmente ajudará a fortalecer a segurança internacional para todos nós."

Panetta se reuniu anteontem com o ministro da Defesa, Celso Amorim, no Diálogo de Cooperação em Defesa -mecanismo acertado na visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA e que se junta a acordos de cooperação militar e de troca de informações sensíveis assinados no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

O secretário contou ter ouvido de Amorim que, nos anos 90, os EUA não apoiavam o desenvolvimento bélico brasileiro. "No mundo de hoje, acreditamos que é importante que outros países desenvolvam capacidade militar", ressaltou.

CAÇA DA FAB

Como outras autoridades americanas que vieram ao país neste ano, Panetta defendeu com veemência o F-18, da Boeing, na concorrência para os novos caças da Força Aérea Brasileira e se disse "esperançoso" de que Dilma optará pelo avião.

"Deixem-me garantir que os EUA apoiam fortemente a troca de tecnologia de defesa com o Brasil", afirmou.

Ele disse que o pacote de transferência tecnológica do F-18 é igual aos oferecidos aos "mais fortes aliados" americanos e que a associação com a Boeing dará às indústrias de aviação e defesa brasileiras uma "vasta oportunidade de entrar em mercados de todo o mundo".

Ao propor a parceria em segurança cibernética, Panetta disse que a infraestrutura dos dois países é "alvo todo dia de invasões e ataques potenciais". Em 2009, o programa "60 Minutes", da TV CBS, disse que apagões no Brasil em 2006 e 2007 foram provocados por hackers e atribuiu a informação, depois negada pelo governo brasileiro, à espionagem americana.

Sobre a África, Panetta afirmou que Brasil e EUA têm laços históricos com o continente e "interesse estratégico" em sua estabilidade. Os dois países já têm projetos conjuntos de cooperação agrícola em países africanos, como Moçambique. A China tem feito investimentos maciços no continente.

No fim do discurso, o secretário citou o brasileiro Felipe Pereira, que serve nas Forças Armadas dos EUA e foi condecorado no início do mês por ter resgatado colegas feridos no Afeganistão. "Que seu exemplo possa inspirar todos nós a lutar por um futuro melhor para nossos filhos."

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