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Cristina obtém apoio da oposição para expropriar petroleira

Senado argentino aprova projeto que reestatiza empresa YPF, subsidiária da espanhola Repsol

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

O governo Cristina Kirchner obteve vitória esmagadora na madrugada de ontem no Senado, ao conseguir aprovar a lei que expropria 51% da petroleira YPF, subsidiária da espanhola Repsol.

Dos 72 votos totais, 63 foram a favor da norma, apenas três contra, enquanto quatro senadores se abstiveram de votar. Houve duas ausências.

Entre os 61 discursos de uma jornada de mais de 14 horas, porém, nem tudo foi elogio à medida. Muitos senadores de oposição, mesmo votando a favor, fizeram críticas ao modo como o governo está levando o assunto.

"Há uma chantagem emocional nesse projeto", afirmou Norma Morandini (Frente Cívico), que se absteve.

Outra que preferiu não escolher foi Maria Eugenia Estenssoro (Coalición Cívica), que disse haver "irregularidades" detrás da medida.

O caso mais significativo, porém, é o da União Cívica Radical. O partido é a principal força opositora do peronismo hoje. Ainda assim, nenhum de seus senadores votou contra.

Gerardo Morales disse que era "impossível ocultar a realidade e as falências do governo, e nessa convicção viemos com responsabilidade histórica e atual fazer o correto, defender o interesse do povo e a soberania nacional."

Em entrevista à Folha, o senador radical Ernesto Sanz, uma das principais lideranças do partido, disse que a UCR tem uma "unidade de critérios". "Nossa posição oficial é de que a YPF deve voltar a pertencer ao Estado argentino, assim como estávamos contra na década de 90."

Sanz disse que a única coisa que está errada no processo é o modo como isso está sendo feito. "O governo está errado, deveria ter esgotado até a última instância a possibilidade de uma compra por consenso. Só depois disso deveria pensar na possibilidade de expropriação", explica.

A UCR era o partido que estava no poder quando a YPF recebeu os primeiros estímulos significativos, entre 1916 e 1922, durante a presidência de Hipólito Yrigoyen.

A lei está agora com os deputados, e deve ser aprovada na Câmara na quarta-feira.

Os interventores da YPF anunciaram, ontem, que houve nos últimos dias acréscimo de quase 5% na produção de gás e de 0,7% na de petróleo.

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