Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Chanceler do Irã promete a Patriota investigar suspeito de pedofilia

Iraniano tratou do assunto com ministro brasileiro na Tunísia

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, prometeu assumir a investigação do caso do diplomata de seu país acusado de abusar de crianças que têm entre 9 e 15 anos na piscina de um clube de Brasília.

A promessa foi feita anteontem, durante encontro dele com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, em Túnis, capital da Tunísia.

Segundo a Folha apurou, a conversa ocorreu a pedido do ministro iraniano, que teria dito a Patriota que irá interrogar pessoalmente o diplomata acusado, Hekmatollah Ghorbani.

A promessa confirma o recuo do governo de Teerã no caso, sinalizado na terça-feira passada pelo porta-voz da chancelaria, que criticou pela primeira vez o comportamento de Ghorbani, dizendo que ele havia cometido "uma violação disciplinar".

Interrogado em uma delegacia de Brasília, Ghorbani negou as acusações. Em seguida, deixou o país e retornou a Teerã.

Inicialmente, a embaixada iraniana minimizou o caso, afirmando que tratar-se de um mal-entendido causado por "diferenças culturais". A reação irritou o governo brasileiro, que exigiu mais rigor contra o diplomata.

Segundo os pais das meninas, o diplomata iraniano tocou sua partes íntimas quando nadava na piscina.

Num reflexo do desconforto causado no Itamaraty, Patriota classificou as acusações de "inaceitáveis" e "preocupantes". O caso foi apenas um dos temas tratados por Salehi e Patriota no encontro de Túnis. Na conversa entre os chanceleres também foram discutidas a crise na Síria e as negociações nucleares retomadas recentemente entre o Irã e o grupo P5 +1 (as cinco potências do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha).

Consultado pela Folha, o Itamaraty negou que o incidente com o diplomata iraniano tenha sido abordado e comunicou que o encontro entre Patriota e Salehi fora "casual", já que estavam hospedados no mesmo hotel.

Brasil e Irã são signatários da Convenção de Viena (1961), que dá imunidade penal, civil e administrativa a diplomatas. Mas o Itamaraty ressaltou que as pessoas que gozam desses privilégios devem respeitar as leis do Estado onde estão servindo.

Colaborou FLÁVIA FOREQUE, de Brasília

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.