Merkel e Hollande trocam críticas sobre resposta à crise

Alemanha e França caminhavam ontem em direção a um confronto potencialmente desestabilizador sobre como lidar com a crise da dívida europeia, quando a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, contestou uma das principais promessas de campanha de François Hollande.

Enquanto o socialista estendia sua vantagem sobre o presidente Nicolas Sarkozy para dez pontos percentuais nas pesquisas, a uma semana do segundo turno presidencial, Merkel considerou fútil sua intenção de reabrir o debate sobre o pacto fiscal.

"O pacto fiscal foi negociado, foi assinado por 25 chefes de governo e já foi ratificado por Portugal e Grécia. Parlamentos ao redor da Europa estão prestes a aprová-lo. A Irlanda tem um referendo sobre ele no fim de maio. Não pode ser renegociado tudo de novo", disse Merkel.

Porém, com governos ao redor da Europa sendo derrubados em reação às medidas de austeridade, o debate político tem oscilado entre a insistência alemã na austeridade e uma ênfase maior no estímulo ao crescimento e à criação de empregos.

Caso seja eleito em 6 de maio e assegure uma maioria parlamentar em junho, Hollande se diz comprometido a não ratificar o pacto a menos que sejam incluídas políticas de crescimento.

O pacto, que prevê medidas de disciplina orçamentária para a zona do euro, pode vigorar mesmo sem a ratificação francesa, mas isso é visto como politicamente inconcebível.

Hollande rebateu as críticas de Merkel: "Não é a Alemanha quem decide pela Europa inteira".

Questionado sobre o que diria à líder alemã como novo presidente, ele respondeu: "Diria que o povo francês fez uma escolha que prevê uma renegociação do tratado".