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Obama cobra China por direitos humanos

Presidente, no entanto, não comentou o caso de Chen Guangcheng, que estaria na embaixada dos EUA em Pequim

Impasse sobre futuro do ativista deve marcar visita de secretários americanos de Estado e do Tesouro ao país

DE PEQUIM

O presidente Barack Obama exortou ontem a China a melhorar a sua política de direitos humanos, mas manteve a linha adotada pelo governo dos EUA de não comentar o caso do ativista cego Chen Guangcheng, que, segundo amigos e ONGs de direitos humanos, está há quatro dias sob a proteção diplomática americana em Pequim.

"É nossa crença de que não se trata apenas da coisa certa a fazer, porque é compatível com a nossa crença em liberdade e direitos humanos, como também realmente achamos que a China se fortalecerá ao se abrir e liberalizar seu sistema", afirmou, em entrevista coletiva ao lado do premiê japonês, Yoshihiko Noda, na Casa Branca.

Sobre o caso específico de Chen, porém, Obama disse apenas que estava "consciente" da sua situação por meio de "relatos da imprensa".

Anteontem, o secretário de Estado assistente para o Leste da Ásia, Kurt Campbell, chegou em sigilo a Pequim para negociar uma solução. Apesar de ele já ter sido fotografado num hotel da cidade, Washington se recusa até mesmo a confirmar sua ida à China.

Ambos os países vivem momentos políticos delicados: nos EUA, Obama tenta a reeleição e vem sendo criticado por não ser duro o suficiente com a China. Seu provável adversário, Mitt Romney, já disse que os EUA têm a obrigação de proteger Chen.

Já Pequim renovará a cúpula do governo pela primeira vez em dez anos, e o Partido Comunista vem demonstrando fissuras entre conservadores e a ala aberta a reformas, em meio à crise gerada pelo expurgo do dirigente Bo Xilai.

O impasse em torno do futuro de Chen, preso por sete anos após defender mulheres forçadas a abortos, deve marcar a reunião bilateral desta semana. Amanhã, desembarcam em Pequim os secretários de Estado, Hillary Clinton -que no passado pediu algumas vezes a soltura de Chen-, e do Tesouro, Timothy Geithner.

"Este é o maior teste das relações bilaterais em anos, provavelmente desde 1989 [ano do massacre na praça da Paz Celestial]", disse Christopher Johnson, ex-analista da China para CIA (inteligência americana), ao "New York Times".

Em 1989, o cientista Fang Lizhi se refugiou na embaixada dos EUA em meio à repressão contra o movimento pró-abertura. Só pode deixar o país 13 meses depois.

(FM)

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