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Análise

Dissidente é uma força difícil de enfrentar para as autoridades

DAVID PILLING
DO “FINANCIAL TIMES”

A posição central de Chen Guancheng -de que mulheres não deveriam ser forçadas a abortar- expôs repentinamente a falência moral da política pública chinesa.

Abortos forçados, além de serem moralmente repulsivos, são um método absurdamente antiquado de controle de natalidade.

Chen é uma força difícil de enfrentar para as autoridades chinesas. Ao contrário de Liu Xiaobo, ganhador do Nobel da Paz cujos apelos pela democracia desafiam diretamente o poder do Estado, é mais difícil retratar Chen como ameaça às autoridades.

Chen não dirige sua raiva explicitamente a Pequim, mas às autoridades da província de Shandong. Em vídeo no YouTube depois de sua fuga noturna na semana passada, Chen apelou diretamente ao primeiro-ministro Wen Jiabao pela punição de quadros locais.

Acusando-os de macular a imagem do partido, ele desafiou Wen a responder se os funcionários locais estavam agindo por conta própria ou instruídos por Pequim.

O discurso que fez contra Bo Xilai, secretário do Partido Comunista na cidade de Chongqing que caiu em desgraça, adotou exatamente esse tom de crítica a funcionários desorientados que violavam as normas do partido.

O Partido Comunista ainda está abalado com a queda súbita de Bo, cujas repercussões para a sucessão de líderes programada para este ano são incertas.

O estranho caso de Chen só reforça essa sensação de instabilidade. Poucos apostam que o partido possa conduzir seu processo sucessório sem novos tropeços.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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