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Pequim afirma que ativista pode ir aos EUA para estudar

Chen Guangcheng está sob tratamento em um hospital da China, após uma fuga espetacular de sua prisão domiciliar

Possibilidade parece ser saída honrosa para os governos chinês e americano, criticados por impasse diplomático

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

O impasse diplomático entre China e EUA em torno do dissidente cego Chen Guangcheng, 40, que fugiu de sua prisão domiciliar há 13 dias, parece ter encontrado uma saída ontem. Pequim afirmou que ele pode deixar o país para estudar.

"Chen Guangcheng está atualmente sob tratamento no hospital. Se ele quiser ir ao exterior estudar, pode se inscrever nos departamentos relevantes exatamente como outros cidadãos chineses", disse ontem o porta-voz da Chancelaria Liu Weimin à agência de notícias estatal Xinhua.

Horas antes, Chen pediu a um amigo que divulgasse uma declaração. Nela, o ativista afirmava que não queria buscar asilo político nos EUA, e sim aceitar um convite da Universidade de Nova York. Ele disse querer "ir aos EUA descansar por meses".

A secretária de Estado, Hillary Clinton, elogiou o anúncio do governo chinês, mas afirmou que "há mais trabalho para fazer". Ela deixou Pequim ontem, após dois dias de encontros sobre política externa e economia, temas que acabaram ofuscados pelo impasse em torno de Chen.

Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado, disse que os EUA esperam que o governo chinês facilite a tramitação e afirmou que a concessão dos vistos ao dissente e à sua família terá "atenção prioritária".

A possibilidade de que Chen saia com um visto de estudante parece ser uma saída honrosa aos dois países.

Pequim é duramente atacada pela maneira como vem tratando Chen, que passou os últimos sete anos preso por sua atuação como advogado de defesa de mulheres.

Já o governo Barack Obama foi criticado pela oposição e por entidades de direitos humanos por supostamente apressar a saída de Chen da embaixada em Pequim, onde ficou por seis dias.

TENSÃO

Chen continuava isolado ontem no hospital Chaoyang, onde trata de um pé fraturado durante a fuga espetacular da prisão domiciliar.

O ativista foi internado na quarta-feira, após um acordo entre os dois países. No reencontro com a família, sua mulher lhe contou ter ficado dois dias amarrada a uma cadeira quando a fuga foi descoberta.

Aconselhado por ativistas, ele mudou de ideia e disse que queria ir para os EUA "no avião de Hillary Clinton".

A situação no local continua tensa. Jornalistas estrangeiros que entraram no edifício do hospital tiveram o nome registrado pela polícia e ontem receberam ligações afirmando que serão expulsos da China caso regressem.

O advogado Jian Tianrong, amigo de Chen, disse à Folha que foi agredido por policiais anteontem à noite.

Leia mais sobre outros exilados chineses nos EUA
folha.com/no1085737

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