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Eleições no Euro

Votação na Grécia reforça extremistas

Resultado deve levar à ascensão de legendas radicais de esquerda e direita, contrárias a pacote acertado com a UE

Expectativa é que partidos tradicionais tenham redução histórica no seu apoio e governo exija coalizão

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

A eleição parlamentar de hoje na Grécia definirá se as medidas de austeridade exigidas do país pelos credores internacionais terão continuidade como estão ou serão atenuadas pela entrada de novos partidos no governo.

Segundo os resultados das últimas pesquisas eleitorais, nenhum partido terá votação suficiente para alcançar sozinho o cargo de premiê. Desse modo, será necessário formar um governo de coalizão.

Caso os partidos Nova Democracia, conservador, e Pasok, o Partido Socialista Pan-Helênico, consigam alcançar a maioria no Parlamento, os cortes e reformas devem ter prosseguimento, conforme o acordo deste ano com a "troica" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) em troca do segundo pacote de resgate à Grécia.

O cenário mais provável é que o novo premiê seja Antonis Samaras, líder do Nova Democracia. Seu partido integra, ao lado do Pasok, a base da coalizão do tecnocrata Lucas Papademos, que chegou ao poder no fim de 2011 amparado pela comunidade internacional, após o socialista George Papandreou cair por pedir consulta popular sobre o pacote de resgate.

As eleições parlamentares indicam o crescimento dos partidos extremistas, tanto à esquerda quanto à direita.

No centro de Atenas, são recorrentes os cartazes do Partido Comunista e do Syriza (Esquerda Radical).

Se os dois partidos que integram a atual coalizão não tiverem votos suficientes para conquistar 151 das 300 cadeiras do Parlamento grego, terão de fazer concessões aos outros partidos para que possam formar o governo -o que põe em risco a aplicação das medidas de austeridade.

Todas as outras forças políticas do país vêm se manifestando contra os termos do pacote de resgate, que obrigou a Grécia a reduzir o salário mínimo e as pensões e a cortar 150 mil empregos públicos até o ano de 2015.

Dina Karydi, pesquisadora júnior da Fundação Helênica para Política Europeia e Externa, observa que os dois partidos principais da política do país desde a redemocratização, em 1974, pela primeira vez obterão juntos menos votos que os outros partidos, o que indica que estão perdendo o apoio popular.

O músico George Spyropoulos é um exemplo do que Karydi comenta. "Ainda não sei em quem vou votar. Como muitos outros gregos, a única certeza que tenho é a de que não votarei nos dois grandes partidos. Estou cansado de todas as mentiras que nos contam", disse à Folha.

A pesquisadora acredita que essas serão eleições "estimulantes de se acompanhar, pela entrada de novos partidos no Parlamento", mas lamenta a possibilidade de o Partido Aurora Dourada, de extrema-direita e de ideologia associada ao nazismo, conquistar pela primeira vez o direito a ter representação.

Nikolas Rohoutas, 36, pretende ir às urnas dar apoio a Evangelos Venizelos, líder do Pasok e ex-ministro das Finanças. "Estive desempregado por dois anos. A crise afetou a forma como gastamos nosso dinheiro, o modo como vivemos. É nossa tarefa promover os bons políticos."

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