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Papéis da Grécia sofrem queda; Merkel descarta mudar pacto

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

A Bolsa francesa subiu 1,7%. A da Grécia chegou a despencar 10% para fechar em baixa de 6,7%.

Os títulos da dívida francesa foram negociados com boa procura e valores estáveis, ao passo que os papéis gregos, que já pagavam juros escandalosamente altos, sofreram um novo baque, com os investidores cobrando 21,83% para rolá-los.

Esses números evidenciam que, ao menos no primeiro dia depois de cruciais eleições na Europa, os mercados digeriram bem a vitória de um socialista, o francês François Hollande, mas puniram a instabilidade, a grande vitoriosa na Grécia.

Na eleição grega, nenhum partido obteve maioria suficiente para governar sozinho, o que torna imprevisível o desdobramento.

Hollande foi absorvido também pela conservadora chanceler alemã, Angela Merkel, que prometeu recebê-lo "de braços abertos", pronta para "trabalharmos juntos".

A líder alemã deixou claro, de todo modo, que há divergências na maneira como ela e Hollande encaram o pacto fiscal assinado em março pelos líderes europeus.

O porta-voz de Merkel afirmou que não há hipótese de modificar o acordo, como quer Hollande, para incluir o que ele chama de "dimensão do crescimento".

Não é por aí, no entanto, que haverá impasse: o líder francês aceita que o pacto fique como está, desde que, além dele, seja aprovado outro acordo, pró-crescimento.

A diferença de fundo é outra: Merkel explicitou ontem que "a discussão não é se devemos perseguir o equilíbrio [fiscal] ou o crescimento. É completamente claro que precisamos de ambos".

O centro do debate -completa a chanceler- "é se de novo necessitamos de programas econômicos financiados com deficit ou se precisamos de elementos de crescimento que sejam sustentáveis e orientados para o fortalecimento econômico de certos países".

Pelo menos em parte, a proposta Hollande é mesmo a de usar dinheiro público - e, portanto, potencialmente gerar deficit- para estimular a economia.

De todo modo, Jean-Marc Ayrault, conselheiro de Hollande e candidato a primeiro-ministro no novo governo, ao reconhecer a divergência, diz o óbvio: "Cada lado deve ceder algo".

Essa negociação ao vivo se dará logo após a posse de Hollande, ontem confirmada para o dia 15 deste mês.

AMEAÇA À GRÉCIA

Já em relação à Grécia, não há braços abertos, mas punhos fechados de parte de Merkel: "É da mais alta importância que os programas que acertamos com a Grécia continuem a ser implementados", avisa.

Nos mercados, a pressão é idêntica, mas seguida por uma sinistra advertência:

"Se a Grécia não fizer progressos [na aplicação dos ajustes], o plano de resgate será interrompido, o que deixaria sem fundos o governo grego e seus bancos, pelo que, consequentemente, a Grécia seria forçada a abandonar a eurozona", diz relatório do Citigroup.

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