Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Eleições no Euro

Grécia fracassa ao tentar montar governo

Com desistência do líder conservador, legenda de esquerda, 2ª mais votada, tentará viabilizar novo gabinete

Eleição de domingo mostrou crescimento da popularidade dos críticos à política de austeridade no país

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Após resultados eleitorais que não permitiram a nomeação de um primeiro-ministro de forma isolada por um partido político, fracassou ontem a primeira tentativa de formação de um governo de coalizão na Grécia.

Assim, cresce a expectativa de que novas eleições sejam convocadas no país.

Antonis Samaras, o líder do partido conservador Nova Democracia, que obteve a maior votação nas eleições parlamentares de domingo, anunciou que não tinha conseguido montar uma coalizão que garantisse sua indicação para primeiro-ministro.

Sozinha, a base política do premiê Lucas Papademos, composta pelo Nova Democracia e pelo Pasok (Partido Socialista Pan-Helênico), não chega às 151 cadeiras necessárias para ter maioria no Parlamento e precisaria convencer um dos outros cinco partidos com representação a ingressar na coalizão.

Desse modo, hoje é a vez de o líder do segundo partido mais votado, o Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), tentar viabilizar um governo de esquerda, o que parece pouco provável, já que também não teriam cadeiras suficientes sem apoio das legendas tradicionais.

O Syriza, liderado pelo jovem Alexis Tsipras, 38, foi a maior surpresa da eleição na Grécia, com mais que o triplo do percentual obtido na votação de 2009.

O partido é favorável à permanência na zona do euro, mas contrário ao acordo de resgate que exige medidas de austeridade do país.

A legenda tem prazo de até três dias para negociar uma coalizão. Caso fracasse, será a vez do Pasok, liderado pelo ex-ministro das Finanças Evangelos Venizelos, ter o mesmo prazo para costurar a formação do governo.

Se essas tentativas não forem bem-sucedidas, o presidente do país convocará os três líderes partidários para uma reunião, a última tentativa de formar um governo de "união nacional".

Sem acerto, serão convocadas para junho novas eleições. O mês é decisivo para a Grécia também por ser a data-limite para que o país faça cortes adicionais de € 11,5 bilhões em seu Orçamento para 2013 e 2014, conforme exigência dos credores.

A chanceler Angela Merkel e uma porta-voz da Comissão Europeia declararam que esperam que a Grécia honre os compromissos assumidos anteriormente.

PACOTE

As medidas incluem redução de salários e aposentadorias e cortes de 150 mil empregos públicos até 2015.

As eleições na Grécia confirmaram a popularidade de partidos com posições críticas ao plano de austeridade, à direita e à esquerda.

Além do Syriza, o novato Esquerda Democrática ganhou representação; à direita, o grupo Gregos Independentes, dissidência do Nova Democracia criada neste ano, ficou em quarto lugar.

O mais preocupante foi a ascensão do Aurora Dourada, de extrema direita e com integrantes neonazistas, que de 0,23% nas eleições em 2009 passou para quase 7% na mais recente votação, garantindo pela primeira vez representação parlamentar.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.