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Suspeito de trama contra EUA é agente duplo

Membro da inteligência saudita se infiltrou em braço da Al Qaeda no Iêmen e entregou bomba para investigação do FBI

Segundo funcionários do governo americano, informações do agente permitiram ataque a líder da rede terrorista

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Funcionários do governo americano revelaram ontem aos jornais "The New York Times" e "The Washington Post" que uma pessoa encarregada de entrar com uma bomba num avião rumo aos EUA era, na verdade, um agente duplo infiltrado na Al Qaeda na Península Arábica.

Segundo os relatos dos funcionários americanos, o agente duplo saiu do Iêmen, onde a rede terrorista opera, pelos Emirados Árabes e entregou a bomba, projetada pelo principal especialista em explosivos da Al Qaeda, ao FBI, polícia federal dos EUA.

Ligado à inteligência da Arábia Saudita, o agente passou semanas infiltrado na rede. De acordo com os funcionários (que falaram sob a condição de não revelar seus nomes), ele repassou informações que permitiram à CIA matar Fahd Ahmed al Quso, um dos líderes da Al Qaeda.

Considerado o diretor de operações externas da rede, Al Quso -morto no domingo, em ataque de avião não tripulado no Iêmen- era acusado de envolvimento no atentado ao navio de guerra USS Cole, que matou 18 militares americanos em 2000, no porto iemenita de Áden.

Não está claro se o plano era o mesmo que previa explodir um avião no aniversário de um ano da morte de Osama bin Laden, 1º de maio, e foi desmantelado pela CIA, agência de inteligência norte-americana -aparentemente, o agente duplo não chegou a entrar na aeronave.

BOMBA NA CUECA

Um alto funcionário do governo disse ao "New York Times" que a bomba fora costurada a uma cueca feita sob medida e seria difícil de detectar mesmo em uma revista minuciosa no aeroporto.

A descrição dá a entender que se trata de uma versão mais desenvolvida do artefato encontrado com o nigeriano Umar Abdulmutallab, igualmente ligado à Al Qaeda, que tentou explodir um avião que viajava de Amsterdã a Detroit no Natal de 2009.

As fontes do governo americano disseram ainda que o agente saudita, cuja identidade também não pode ser revelada, atuou com o conhecimento da CIA, mas não sob supervisão direta da agência.

Ele agora está em segurança na Arábia Saudita, de acordo com os funcionários -segundo eles, a ação do agente duplo foi mantida em segredo durante semanas para minimizar os riscos de retaliação contra ele e sua família.

Nos últimos meses, os serviços de contraterrorismo dos EUA vêm monitorando com especial atenção o ramo da Al Qaeda no Iêmen -país em que o caos político, em meio ao levante contra o governo, permitiu que a rede terrorista dominasse áreas no sul para usar como base de ataques.

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