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China manda jornalista da TV Al Jazeera deixar o país

Expulsão que afeta TV árabe é a 1ª em 13 anos

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

O canal em inglês da TV Al Jazeera foi forçado a fechar seu escritório na China após o governo ter se recusado tanto a renovar o visto de sua correspondente quanto a credenciar outros jornalistas da emissora, com sede no Qatar. É a primeira vez em 13 anos que Pequim adota a medida.

A jornalista expulsa, Melissa Chan, é norte-americana e trabalhava para TV Al Jazeera em Pequim desde 2007. Muitos de seus trabalhos abordam temas delicados para Pequim, como a existência de prisões clandestinas e a situação dos uigures (minoria muçulmana).

O governo chinês também teria ficado insatisfeito com um documentário da emissora sobre os campos de reeducação, onde dissidentes costumam ser internados. A produção, exibida em novembro e feita sem a participação de Chan, disse que se trata de "uma forma de escravidão".

Em nota, a emissora disse que continuará solicitando credenciamento para um correspondente no país e pediu coerência. "Assim como os serviços de notícias chineses cobrem o mundo com liberdade, nós esperávamos a mesma liberdade na China."

Geralmente, o credenciamento dos jornalistas estrangeiros é renovado anualmente, em dezembro. No caso de Chan, esse documento vinha sendo renovado por períodos curtos até que o último, de um mês, expirou. Ela deixou o país anteontem e disse que não comentará a expulsão.

"Este é o exemplo mais extremo de um padrão recente de usar vistos de jornalistas numa tentativa de censurar e intimidar correspondentes", afirmou em nota o Clube dos Correspondentes Estrangeiros da China (FCCC, na sigla em inglês), ao qual a reportagem da Folha é filiada.

Durante seu encontro regular com a imprensa, o porta-voz da chancelaria, Hong Lei, foi questionado se a expulsão de Chan deveria ser vista como um "aviso" a outros correspondentes.

Hong se negou a responder algumas perguntas e não explicou por que Chan foi expulsa. Limitou-se a dizer que "os jornalistas devem cumprir as leis e regulações chinesas assim como seguir a ética profissional quando reportam sobre a China".

Nos últimos dias, 12 correspondentes foram convocados pelo setor de vistos do Escritório de Segurança Pública de Pequim. Foram ameaçados de expulsão por terem entrado na área do estacionamento do hospital Chaoyang, onde o dissidente cego Chen Guangcheng está internado.

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