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Espanha aumenta exigências a bancos

Para evitar crise sistêmica, governo determina que instituições elevem proteção contra empréstimos "tóxicos"

Bancos serão ainda auditados por órgãos independentes; mercado espanhol reage mal a anúncio

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Na segunda reforma financeira desde o início do ano e numa tentativa de dar credibilidade a seu sistema bancário em meio à turbulência europeia, a Espanha determinou que os bancos do país mantenham um capital extra de € 30 bilhões (R$ 76 bilhões) como proteção contra empréstimos imobiliários potencialmente "tóxicos".

O governo do premiê conservador Mariano Rajoy determinou ainda que as carteiras imobiliárias dos bancos sejam auditadas por duas entidades independentes, ainda não definidas, nos próximos quatro meses.

Isso vinha sendo feito pelo Banco Central da Espanha, agora sob críticas por sua atuação durante a crise.

"Sem certeza sobre a solvência do setor bancário, a recuperação econômica é muito mais difícil", afirmou o ministro das Finanças, Luis de Guindos, ao anunciar as medidas.

O mercado financeiro, porém, reagiu mal à notícia, considerando insuficientes os € 15 bilhões em dinheiro público prometido para o setor. Após o anúncio, a Bolsa de Madri caiu 3%, e os juros sobre os títulos da dívida subiram para 6%.

O valor anunciado ontem se soma aos € 54 bilhões previstos na reforma anterior, de fevereiro. Com isso, o governo espera que até 52% dos créditos imobiliários estejam cobertos por garantias.

Os bancos terão agora o prazo de um mês para explicarem ao governo como se adequarão às medidas. Caso necessário, eles poderão ter acesso a empréstimos estatais com juros de 10%.

Além disso, eles terão até o fim do ano para repassar a outras entidades os imóveis recuperados por falta de pagamento, que serão então colocados à venda.

"BANCOS-ZUMBI"

As medidas foram anunciadas dois dias depois da estatização parcial do Bankia, o terceiro maior banco do país. O Estado passou a ser o maior acionista do banco, com 45% do capital -na prática, o controlará.

"Essa reforma trará credibilidade e confiança ao setor financeiro, aumentará o fluxo de crédito e levará a preços razoáveis na venda de imóveis", disse a vice-premiê Soraya Senz de Santamara.

Nos últimos dias, rumores davam conta de que a exigência seria de € 50 bilhões em capital extra -e mesmo esse valor era considerado insuficiente por alguns analistas.

"As cifras que analistas internacionais manejam variam de € 50 bilhões a € 300 bilhões", disse Xavier Sala-i-Martn, economista na Universidade Columbia (EUA), em seu blog.

"A política de fusões e recapitalização privada imposta pelo Banco da Espanha claramente não funcionou e, ao impedir que bancos quebrados fechassem suas portas, criou uma série de bancos-zumbi que nem emprestam nem deixam outros emprestarem e assim paralisam a economia", escreveu ainda.

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