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Índia faz obra e reduz juro para salvar ano

País toma medidas para evitar desaceleração aguda da economia; dado de produção industrial causa alarme

Ministro diz que país de 1,2 bilhão de pessoas precisa crescer para evitar aumento de tensão social e étnica

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL À ÍNDIA

Uma moderna estrada com seis pistas, ligando Nova Déli ao Taj Mahal, recebe os toques finais antes da inauguração, ainda neste semestre.

Em Bangalore, capital da indústria de ponta indiana, o trabalho não para numa nova linha de trem elevada.

Os óbvios sinais de que a Índia continua se transformando não são suficientes para esconder uma preocupação hoje de políticos, empresários, comerciantes e agricultores do país.

O gigante asiático, que precisa crescer rapidamente para dar emprego e comida a seu 1,2 bilhão de pessoas, 300 milhões dos quais (um Brasil e meio) em extrema pobreza, está desacelerando.

Na semana passada, um dado em particular causou preocupação ao ser divulgado: a indústria caiu 3,5% em março, na comparação com igual período de 2011.

Na década passada, o país teve picos de crescimento anual de 10%. Neste ano, o PIB deve subir pouco menos de 7%. Por ora, é um "pouso suave", já que este é o patamar considerado mínimo para evitar aumento no nível de pobreza. Mas o fato de a economia estar no limiar da queda brusca fez o governo buscar medidas de estímulo.

No mês passado, o banco central do país reduziu suas taxas de juros pela primeira vez em três anos (para 8%), mesmo com inflação alta (em torno de 7%).

Mas o governo do primeiro-ministro Manmohan Singh, imerso em casos de corrupção e com apoio frágil no Congresso, não parece capaz de fazer muito mais. Reformas para liberar investimentos privados em setores como produção de energia, agronegócio e varejo enfrentam poderosos lobbies e estão empacadas.

Kapil Sibal, ministro de Recursos Humanos, dá a medida do desafio que a Índia enfrenta hoje. "Temos hoje 500 milhões de jovens com menos de 20 anos. Em breve, teremos a maior população economicamente ativa do mundo", diz.

800 UNIVERSIDADES

Esse exército precisa estudar antes de arrumar emprego. O país, diz Sibal, tem hoje 604 universidades. Delas saem 500 mil engenheiros por ano, responsáveis por produtos inovadores, e mundialmente famosos, nas áreas de software, farmacêuticos, automotores, telecomunicações e indústria aeroespacial.

Pelas contas do governo seriam necessárias 800 novas universidades, no mínimo, para educar o contingente que chega à idade adulta.

Educação e crescimento econômico, na Índia, com suas 22 línguas, incontáveis etnias e tensões separatistas, são fator de segurança nacional. "Há quase meio bilhão de pessoas que não aproveitam os frutos do crescimento. A menos que esse abismo se estreite, teremos problemas", afirma o ministro.

O jornalista FÁBIO ZANINI viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores da Índia

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