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Ex-líder sérvio desafia tribunal da ONU

Mladic aplaude e faz gesto indicando cortar garganta de mulher durante julgamento por crimes na Guerra da Bósnia

'Carniceiro da Bósnia', como é conhecido, nega as acusações e diz que lutou apenas para defender os sérvios

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

No primeiro dia do seu julgamento no tribunal da ONU para crimes de guerra, em Haia (Holanda), Ratko Mladic, ex-líder militar sérvio-bósnio, ameaçou de morte uma mulher muçulmana que estava na corte.

Mladic, 70, fez um gesto com o dedo no pescoço como se estivesse cortando uma garganta. O sinal parece ter sido dirigido para uma mulher que perdeu o filho, o marido e irmãos no massacre de Srebrenica, em que cerca de 7.000 homens e meninos muçulmanos foram mortos, em julho de 1995.

O gesto foi repreendido pelo juiz-chefe, que determinou que ele parasse com as "interações inapropriadas".

O episódio em Srebrenica é considerado um dos mais sangrentos na Europa depois da Segunda Guerra.

Não foi a única atitude desafiadora do ex-militar que também ficou conhecido como o "Carniceiro da Bósnia". Ele entrou no tribunal fazendo sinal de positivo com o polegar e aplaudindo para as pessoas da galeria, muitas delas vítimas da Guerra da Bósnia, entre 1992 e 1995.

Mladic é acusado de genocídio, extermínio, perseguições política e religiosa, entre outros crimes, quando liderou o Exército sérvio-bósnio que se opunha à independência da atual Bósnia-Herzegóvina, expulsando croatas e muçulmanos de um território que consideravam como parte da Sérvia.

O ex-militar nega as acusações e diz que lutou apenas para defender os sérvios de grupos que representavam ameaça com sua saída da Iugoslávia, nos anos 90.

Passados 20 anos do início da guerra, a Bósnia-Herzegóvina permanece dividida em duas entidades autônomas: uma para os sérvios, e outra para os bósnios muçulmanos e para os croatas.

A acusação continua hoje a apresentar o caso contra Mladic, e o tribunal vai entrar em recesso para que os advogados do militar preparem a defesa dele.

PRISÃO e DEMAIS

O ex-líder militar foi preso no fim de maio do ano passado, em um vilarejo próximo a Belgrado (Sérvia), após ficar 16 anos foragido. Dois meses depois, foi preso, na Sérvia, Goran Hadzic, militar que também era acusado de ter cometido crimes de guerra.

Slobodan Milosevic, presidente da Iugoslávia nas guerras dos anos 90, foi extraditado para Haia em 2001 e morreu cinco anos depois, sem ter sido julgado.

Já Radovan Karadzic, chefe político dos sérvio-bósnios, foi preso em 2008 e está sendo julgado no tribunal especial das Nações Unidas.

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