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Ex-militares ameaçam governo do Haiti

Grupo exige a volta das Forças Armadas, extintas pelo país caribenho, e diz ter armas para derrubar o presidente

Eles utilizam bases que estão desocupadas e deram ultimato; força da ONU liderada por Brasil reforça segurança

RENATO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PORTO PRÍNCIPE

Soldados do antigo Exército do Haiti voltaram a se mobilizar e, armados, ameaçam o governo do presidente Michel Martelly.

Os integrantes da extinta FAd'H (Forças Armadas do Haiti) reivindicam a volta das forças militares, pensões e a retirada da Minustah -missão de paz da ONU comandada militarmente pelo Brasil.

Por conta dessa situação, a Minustah começou na última semana ações para reprimir a circulação de pessoas com armas ilegais.

O Exército foi extinto em 1995 pelo então presidente Jean-Bertrand Aristide, para tentar evitar a repetição dos frequentes golpes militares.

Desde então, ex-militares intercalam momentos de maior e menor mobilização. Ironicamente, em 2004 participaram da derrubada do próprio Aristide, que havia voltado ao poder.

Eles agora ocupam bases abandonadas do antigo Exército. Afirmam contar com 15 mil homens e deram um prazo até amanhã para que Martelly atenda suas reivindicações. Do contrário, prometem tomar ações contra o governo e combater a Minustah.

"Somos todos militares. E vocês sabem do que os militares são capazes", disse à Folha o ex-sargento Larose Aubin, um dos líderes. Ele não fala quantas armas o grupo possui, mas afirma que os soldados estão prontos para enfrentar a força da ONU.

A Folha esteve na semana passada na antiga unidade da FAd'H de Camp Lamantin, periferia da capital, Porto Príncipe. O local é o quartel-general do grupo.

AÇÃO CONTRA ARMAS

O grande espaço está com vegetação alta e ruínas de antigas instalações.

Os paramilitares ocupam barracas espalhadas pelo local, onde circulam também cabras e galinhas. Logo na entrada, cinco integrantes fazem a segurança com armas calibre 12.

Os paramilitares uniformizados treinam corrida, sobem em cordas e fazem trabalhos de estratégia militar, simulando invasões e confrontos.

Há muitos jovens no grupo. "São filhos de militares ou amigos, pessoas que não concordam com a Minustah e se juntaram a nós", disse o ex-sargento Chery Samson.

Para conter a ameaça, a Minustah começou há uma semana junto com a PNH (Polícia Nacional do Haiti) uma grande ação para retirar armas ilegais de circulação. Duas pessoas foram presas.

A Minustah evita caracterizar as ações como operação contra os paramilitares. "A novidade é que há agora uma busca específica por armas ilegais", disse o porta-voz da parte militar da missão, o americano Jim Hoeft.

Ele acrescenta que a questão dos paramilitares diz respeito ao governo do Haiti e que a missão está apenas auxiliando a PNH. "Se precisarem da nossa ajuda, estamos prontos. "

Leia entrevista com líder do movimento
folha.com/no1091427

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