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Análise

Caso iemenita traz desafios distintos da guerra afegã

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

UM RAMO PERIGOSO DA AL QAEDA ESTÁ SE TORNANDO UM ENTE SUBNACIONAL EM TERRITÓRIO IEMENITA

Não deixa de ser um capricho histórico: no dia em que o Ocidente apresenta seu plano de saída do Afeganistão, um terrivelmente eficiente homem-bomba no Iêmen ganha manchetes e lembra que a questão do terrorismo está longe de ser equacionada.

Sob o aspecto da abordagem do problema, contudo, o caso iemenita não está muito distante de Cabul.

Já há algum tempo a nação ao sul da Península Arábica é palco do novo paradigma de intervenção militar pretendido por Washington: com o uso de forças especiais trabalhando secretamente, combinando alta tecnologia de aviões-robôs aos velhos e bons traidores e infiltrados.

Para o Afeganistão, o plano pós-2014 usa todos esses elementos. O caso afegão, contudo, é mais complexo. O país está no meio de um xadrez que envolve atores como Irã, Índia, Paquistão e China, e não é desprezível o risco de que a retirada descambe para uma guerra civil. Por isso é esperada a volta do Taleban como ator do jogo político.

Se no fim dos anos 90 o Taleban abrigou Osama bin Laden e permitiu que ele bolasse os ataques contra os EUA, agora sua presença nas mesas de negociação é cada vez mais dada como necessária.

Demorou, mas Washington agora sabe que o Taleban e a Al Qaeda não formam uma coalizão indistinta.

Já o Iêmen traz um desafio diferente. Fica claro que um ramo particularmente perigoso da Al Qaeda está se tornando um ente subnacional no seu território, com capacidades crescentes.

Sem um Estado para abrigá-los como já aconteceu no Sudão e no Afeganistão, os terroristas estão ocupando espaços por si próprios.

Isso levanta uma questão: essa gente está planejando um novo 11 de Setembro?

Não parece viável, já que o aperto na segurança mundo afora desde 2001 reduziu dramaticamente a ameaça da Al Qaeda, mas dificilmente os EUA e seus aliados irão repetir o erro dos anos 90 e deixar a rede operar livremente.

É previsível assim um aumento da campanha americana contra o grupo, que deverá resultar em mais incidentes como o de ontem.

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