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'Endividamento cresce em ritmo insustentável'

DE PEQUIM

Professor da Universidade de Pequim, o americano Michael Pettis diz que a China precisa abandonar com urgência o modelo de crescimento impulsionado por investimentos devido ao alarmante nível de endividamento.

Em entrevista à Folha, ele prevê redução drástica da importação chinesa de minério de ferro, principal produto da pauta de exportação brasileira para o gigante asiático.

(FM)

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Folha - Por que o sr. é pessimista com o cenário econômico chinês?

Michael Pettis - Simplesmente tento trabalhar as implicações lógicas do reequilíbrio econômico da China, e essas implicações têm sido muito óbvias.

Como a China tem alocado mal o capital, o nível de endividamento sobe num ritmo insustentável. O resultado é que todo mundo do premiê Wen Jiabao para baixo concorda que a China precisa urgentemente reequilibrar sua economia para longe da superdependência de investimento.

Isso significa que o país deve aumentar substancialmente a porcentagem absurdamente baixa do consumo no PIB, mas o alto endividamento impõe restrições consideráveis.

Para a China se reequilibrar, é imprescindível os níveis de crescimento caírem dramaticamente. Eu espero que as taxas de alta do PIB recuem para 3% ou menos nos próximos anos.

Ressalto que, se Pequim não administrar mal a transição, o crescimento da renda familiar superará o do PIB -talvez 5% a 6% ao ano, o que não é de forma alguma uma tragédia.

O que pode acontecer com as importações de minério de ferro e soja?

A demanda por commodities não alimentícias cairá drasticamente, não importa se Pequim fizer a transição bem ou mal.

Colocando isso no contexto da enorme expansão em oferta, que ocorre porque produtores interpretaram muito mal a estrutura do crescimento chinês, não vejo como os preços do minério ou do cobre não cairão substancialmente, talvez mais da metade.

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