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Análise

É preciso tirar os bancos do controle dos países de origem

WOLFGANG MÜNCHAU
DO “FINANCIAL TIMES”

Se você quer saber o que causará a destruição da zona do euro, meu conselho seria seguir o dinheiro e ignorar a economia real. Estou exagerando, mas só um pouco.

As distorções em competitividade entre os países-membros da zona do euro são importantes, mas, no curto prazo, eu optaria por ignorá-las, por três motivos.

Primeiro, a disparidade em competitividade entre os países da zona do euro não é tão grande quanto algumas estimativas sugerem.

Desconfio especialmente de análises que demonstram divergência entre os custos de unidade de mão de obra ou outros índices nacionais de preços, de 1999, quando a moeda foi introduzida, para cá. A Alemanha ingressou na zona do euro com taxa de câmbio supervalorizada, o que superestima as dimensões do ajuste subsequente realizado pelo país.

Segundo, os desequilíbrios entre os países superavitários e os deficitários se reduziram. Embora eu também acredite que a meta de inflação do BCE é baixa demais, reduções adicionais nos desequilíbrios só são possíveis se a Alemanha registrar inflação superior à média geral.

Terceiro, a falta de competitividade pode indicar crise, mas não necessariamente causará uma dissolução.

Só consigo ver um mecanismo que poderia forçar o colapso da zona do euro: uma corrida generalizada aos bancos em diversos países.

Um Estado soberano normalmente disporia de instrumentos com os quais enfrentar eficientemente esse perigo, antes e depois: seguro para os depósitos, restrições a saques bancários e procedimentos de emergência quanto à liquidez. Mas a zona do euro não é um Estado.

A única política que poderia combater a ameaça de uma corrida aos bancos seria a adoção de um sistema de proteção a depósitos e solução de crises bancárias que se aplique a todos os países que usam o euro. Em outras palavras, seria preciso tirar os bancos do controle de seus países de origem.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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