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Massacre em vila na Síria deixa ao menos 92 mortos

Ativistas pedem que países "amigos da Síria" formem aliança militar e lancem ataques aéreos contra ditador

Fotos e vídeos postados na internet chocam ao mostrar corpos de crianças enfileirados em vilarejo de Houla

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Ativistas denunciaram ontem o massacre de pelo menos 92 pessoas em Houla, a cerca de 30 km do centro de Homs, na Síria, por forças do governo de Bashar Assad.

O número foi confirmado por observadores da ONU, que falam em ao menos 32 crianças com menos de dez anos entre as vítimas.

A imprensa internacional não teve acesso ao local.

"Eles mataram famílias inteiras, mas o alvo principal eram as crianças", disse o ativista Abu Yazan à agência de notícias Associated Press.

Em um dos dias mais sangrentos dos 14 meses de protestos e violência no país, foram divulgados na internet vídeos mostrando corpos de 14 crianças enfileiradas no chão, ombro a ombro.

Segundo os ativistas, os ataques começaram como resposta das forças de Assad a um protesto contra a presença do Exército sírio na região, anteontem, e seguiram durante a madrugada.

O governo sírio, por sua vez, culpa "grupos terroristas armados" pelo massacre.

Moradores dizem que algumas das vítimas foram mortas a facadas e outras por disparos. O ataque destruiu ainda prédios e casas em uma grande área residencial no centro de Houla.

Observadores da ONU foram ontem à região e encontraram cartuchos disparados por tanques em áreas residenciais. O chefe dos monitores, major general Robert Mood, chamou o ataque de "tragédia brutal".

CONDENAÇÃO

A matança contraria o plano de paz proposto pelo emissário internacional das Nações Unidas e da Liga Árabe, Kofi Annan. Um cessar-fogo começaria em 12 de abril, mas foi ignorado.

O Exército Livre Sírio (ELS), braço armado da oposição, pediu ontem ao chamado Grupo dos Países Amigos da Síria para que forme uma aliança militar e lance ataques aéreos contra o regime.

"A menos que o Conselho de Segurança da ONU adote medidas urgentes para proteger os civis, o plano de Annan fracassará", disse o ELS.

O massacre provocou repúdio internacional e grandes protestos na Síria, incluindo na capital Damasco e em Aleppo, a segunda maior cidade.

"Este crime brutal envolvendo uso indiscriminado e desproporcional de força é uma violação flagrante [...] do compromisso do governo sírio para cessar o uso de armas pesadas em centros populacionais", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

O chanceler francês, Laurent Fabius, afirmou que "este regime assassino empurra a Síria ainda mais perto do horror e ameaça a estabilidade regional". Já a Casa Branca disse que o governo responde com "brutalidade desumana e indescritível" a um protesto político pacífico.

A ONU estima em ao menos 9.000 os mortos na Síria desde o início dos protestos e confrontos.

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