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ONU culpa governo por massacre na Síria

Conselho de Segurança aumenta pressão sobre Assad após morte de 108 pessoas, das quais 32 crianças, em Houla

Para vencer resistência da aliada Rússia, EUA já discutiriam renúncia para o ditador sírio como ocorreu no Iêmen

Shaam News/France Presse
Sírios carregam caixão com o corpo de Ffadwa Khaled, uma das vítimas de confrontos em Qamishli, no nordeste do país
Sírios carregam caixão com o corpo de Ffadwa Khaled, uma das vítimas de confrontos em Qamishli, no nordeste do país

DAS AGÊNCIAS DE INTERNACIONAIS

O Conselho de Segurança da ONU condenou ontem o massacre de 108 pessoas, incluindo ao menos 32 crianças, no vilarejo de Houla, na Síria, e pediu ao governo do ditador Bashar Assad que retire tropas e armas pesadas dos centros residenciais.

O ataque do fim de semana aumentou a pressão por uma ação internacional contra o regime sírio. Mas a resolução de ontem não passou das palavras fortes. Segundo ativistas, os mortos desde o início da revolta síria, há 14 meses, chegam a 9.000.

Segundo o jornal "New York Times", o presidente americano, Barack Obama, negocia um plano para derrubar Assad, mas manter parte de seu governo. Seguiria o modelo adotado no Iêmen, onde Ali Abdullah Saleh renunciou em troca de anistia e seu vice assumiu.

O sucesso do plano, segundo o jornal, depende da Rússia, firme aliada de Assad.

Segundo diplomatas, a reunião de emergência do Conselho foi convocada depois que a Rússia rejeitou a proposta francesa e britânica de condenar o massacre.

Moscou exigiu ouvir antes a descrição do chefe dos monitores da ONU na Síria, major-general Robert Wood, que relatou haver 300 feridos.

A própria ONU já havia condenado na véspera o regime de Assad pelas mortes. Mas o vice-embaixador da Rússia na ONU, Alexander Pankin, afirmou a repórteres que estava cético, já que, segundo ele, a maioria das vítimas foi morta a facadas ou com tiros à queima-roupa.

No fim da reunião, a Rússia cedeu e o Conselho acusou diretamente o governo sírio pelo ataque, além de pedir uma investigação.

Mas pediu também o fim da violência "de todos os lados" e a obediência ao plano de paz proposto pelo emissário internacional Kofi Annan, que inclui um cessar-fogo adotado em 12 de abril.

O governo sírio negou responsabilidade e disse que "centenas de homens carregando armas e tanques antimísseis" atacaram soldados na região, matando três deles e deixando 16 feridos.

Segundo o porta-voz da Chancelaria síria, Jihad Makdissi, a Síria vem sendo vítima de um "tsunami de mentiras". Ele disse que um comitê vai investigar o ataque e os resultados devem sair dentro de três dias.

Ontem, nova repressão a protestos em Damasco, Hama e Idlib deixou 16 mortos.

Annan chegará hoje a Damasco para avaliar a aplicação do cessar-fogo. Ele deve se reunir com a oposição e, amanhã, com Assad.

PLANO

Obama deve apresentar a proposta de "saída iemenita" ao presidente russo, Vladimir Putin, em junho. Mas a ideia, afirma o "NYT", já é discutida amplamente em Moscou.

A Rússia preferiria esta alternativa por ser menos traumática ao que aconteceu com o ex-ditador egípcio Hosni Mubarak, que enfrenta, preso, julgamento pelo massacre à revolta em seu país.

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