Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fala de Lagarde causa fúria entre os gregos

Políticos dizem que diretora do FMI insultou país ao dizer que cidadãos tentam fugir de pagar os seus impostos

Declaração poderá ter impacto na eleição parlamentar de junho, crucial para o país permanecer no euro

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A 20 dias das cruciais eleições legislativas que decidirão a permanência da grécia no euro, declarações da diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, geraram furiosa reação no país europeu.

Anteontem, em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Lagarde afirmou ter mais simpatia pelas crianças africanas do que pelos gregos, a quem acusou de ficarem "o tempo todo tentando fugir de pagar impostos".

O líder do partido socialista grego, Evangelos Venizelos, que se encontrou inúmeras vezes com Lagarde para discutir o pacote de austeridade, afirmou ontem que "ninguém pode humilhar o povo grego durante a crise".

"E me dirijo em particular à senhora Lagarde, [...] que insultou os gregos."

Já o líder do partido de extrema esquerda Syriza, Alexis Tsipras, afirmou que os trabalhadores gregos pagam seus impostos, "que são insuportáveis".

Tsipras, cujo partido rejeita medidas de austeridade acertadas com a União Europeia como condição para a permanência do país na moeda única, aproveitou para criticar os rivais.

"No que diz respeito à evasão fiscal, [Lagarde] teria que se dirigir ao Pasok [socialistas] e à Nova Democracia [centro-direita] para que expliquem por que não pedem nada do grande capital e perseguem o trabalhador".

A entrevista resultou ainda em mais de 8.500 comentários na página de Lagarde no Facebook, a maioria de pessoas enfurecidas, como Despina Panagiotopulu: "Caso não saiba, há uma crise humanitária na Grécia". A economia grega encolheu 20% desde o início da crise, há dois anos.

"Eu não me importo com o que você diz agora, depois de tantas críticas. Você sabe o dano que causou ao povo grego?", perguntou Thanasis Athanassopoulos. "Nós não somos preguiçosos e não somos mendigos", acrescentou.

Pressionada pelas críticas, Lagarde escreveu em sua página que tem "muita simpatia pelo povo grego e os desafios que eles estão enfrentando. É por isso que o FMI está apoiando a Grécia em sua empreitada para superar a atual crise".

Os comentários geraram reações também em seu país natal, a França. A porta-voz do governo Najat Vallaud-Belkacem afirmou que foram "simplistas e estereotípicos".

Ainda não é possível calcular o efeito que a polêmica terá sobre o voto dos gregos. Um receio é que as declarações reforcem o sentimento dos que defendem a saída do país da moeda única.

Por ora, porém, partidos que defendem que a Grécia cumpra o pacote de austeridade têm liderado a maioria das pesquisas.

Quatro sondagens divulgadas ontem colocam o Nova Democracia, pró-acordo, à frente do Syriza, contrário.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.