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Dez países expulsam embaixadores sírios

EUA, França, Reino Unido e outros sete governos adotam medida em reação ao massacre de 108 no fim de semana

Annan diz que situação atingiu 'ponto crítico' e pede 'coragem' a Assad; François Hollande fala em intervenção militar

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Numa retaliação ao governo da Síria por massacre cometido no fim de semana no país, EUA, França, Reino Unido e mais sete países decidiram ontem expulsar embaixadores e altos representantes diplomáticos sírios.

O governo dos EUA deu 72 horas para que o encarregado de negócios sírio em Washington deixe o país.

Segundo a ONU, entre os 108 mortos de sexta para sábado em Houla, na região central da Síria, havia 49 crianças e 20 mulheres.

Ativistas e moradores em Houla culparam as milícias pró-governo conhecidas como "shabiha" (fantasma, em árabe), a linha de frente da repressão ao levante contra a ditadura de Bashar Assad.

Autoridades sírias negam envolvimento e acusam "grupos terroristas". O episódio, um dos mais sangrentos em 14 meses de levante contra Assad, levou à ação diplomática conjunta.

Alemanha, Itália, Espanha, Bulgária, Canadá, Austrália e Nova Zelândia também anunciaram a expulsão do embaixador sírio. Holanda, Bélgica e Suíça declararam os respectivos embaixadores "persona non grata".

As imagens de dezenas de corpos enfileirados em Houla, muitos deles com sinais de mutilação, foram mais um lembrete da brutal guerra civil em curso na Síria.

Além da repressão do regime e da resistência rebelde, há relatos de ataques da oposição a civis da etnia alauíta, a mesma do ditador, e ações da rede terrorista Al Qaeda.

A presença de monitores da ONU no país como parte de um plano de cessar-fogo em vigor há um mês e meio nada fez para conter a espiral de violência, que já deixou ao menos 10 mil mortos.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, instalado em Londres, divulgou que ontem 98 pessoas foram mortas na Síria, em "bombardeios e enfrentamentos armados".

A retaliação das potências eleva o isolamento diplomático de Assad, mas há poucas razões para crer que seus dias no poder estejam contados.

Kofi Annan, enviado especial da ONU, se reuniu ontem com Assad em Damasco e disse que o país atingiu "ponto crítico". Annan, que intermediou o cessar-fogo, exortou Assad a "ser corajoso" e dar fim à violência.

Relatório de observadores da ONU aponta que só 20 das vítimas em Houla foram atingidas por artilharia. As outras teriam sido executadas sumariamente. "Famílias inteiras foram mortas a tiros em suas casas", disse Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos.

Para o subsecretário de Operações de Paz da ONU, Hervé Ladsous, os ferimentos nas vítimas de Houla "apontam para [uma ação da] shabiha".

O presidente da França, François Hollande, disse que uma intervenção militar não deve ser descartada.

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