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ONU vê novos sinais de execução na Síria

Descoberta de corpos de 13 opositores com as mãos amarradas para trás aumenta a pressão sobre regime de Assad

Governos de Rússia e China defendem Assad e reiteram opor-se a ação armada; Turquia e Japão expulsam embaixadores

Hussein Malla/Associated Press
Mulher síria carrega o filho, que foi atingido na mão por um disparo, ao cruzar um rio na fronteira da Síria como Líbano
Mulher síria carrega o filho, que foi atingido na mão por um disparo, ao cruzar um rio na fronteira da Síria como Líbano

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Menos de uma semana após a chacina de 108 pessoas na cidade de Houla, observadores da ONU descobriram ontem sinais de execução de 13 opositores do governo sírio, aumentando ainda mais a pressão sobre o regime do ditador Bashar Assad.

O general norueguês Robert Mood, que chefia a missão da ONU, disse ter ficado "profundamente abalado" com a descoberta, na província de Deir Ezzor, na região leste do país.

"Todos os corpos tinham as mãos amarradas para trás e alguns parecem ter sido atingidos por tiros de curta distância na cabeça", disse.

Desde o massacre de Houla, aumentou a condenação internacional a Assad.

Anteontem, a França levantou a hipótese de uma intervenção militar no país, desde que autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU. A Austrália também mostrou-se disposta a analisar a possibilidade de intervenção. Já os EUA manifestaram ceticismo.

Mas Rússia e China, que detêm poder de veto no Conselho, reafirmaram ontem sua oposição à ideia. Moscou é "categoricamente contra toda interferência externa no conflito sírio", disse o vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, pois isso "apenas exacerbaria" a crise.

Damasco rejeita as acusações e culpa "grupos terroristas" pela matança.

Em protesto contra o massacre de Houla, dez países expulsaram anteontem embaixadores e outros diplomatas sírios, incluindo EUA, França e Reino Unido, que, ao lado de Rússia e China, têm assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU.

Ontem, Turquia e Japão se uniram ao protesto e também anunciaram ontem a expulsão de diplomatas sírios.

ULTIMATO REBELDE

A chancelaria russa chamou de "contraproducente" a expulsão dos diplomatas, por fechar "canais diplomáticos vitais".

Na véspera, o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, havia usado argumento semelhante ao dizer que não está nos planos do Brasil expulsar diplomatas sírios.

Pequim se alinhou à posição de Moscou. "A China se opõe a uma intervenção na Síria e a uma mudança de regime por meio da força", disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin.

A Síria anunciou ontem que expulsará a encarregada de negócios da Holanda, um dos raros altos diplomatas ocidentais hoje em Damasco.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, mais de 13 mil pessoas foram mortas desde o início do levante contra Bashar Assad, em março de 2011.

Ontem, rebeldes do Exército Livre da Síria deram um ultimato ao governo de Assad para que cesse a ofensiva em 48 horas. Caso contrário, não mais aceitarão o plano de paz costurado pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.

Colaborou São Paulo

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