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Irã apoia Assad com medo de ser o próximo alvo

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

Aos olhos do Irã, vale tudo para manter no poder o ditador da Síria, Bashar Assad, visto como aliado crucial na frente de resistência aos interesses ocidentais e israelenses no Oriente Médio.

Presumida por analistas e denunciada por forças anti-Assad há meses, a participação de Teerã no conflito sírio foi confirmada dias atrás por uma alta autoridade.

Além de agentes no campo, o Irã, segundo a Reuters, fornece à Síria armas e alimentos como grãos e carne, difíceis de adquirir no mercado legal devido às sanções.

Na esfera geopolítica, Teerã tentou emplacar o dossiê sírio nas recentes conversas com as potências sobre seu programa nuclear, num aparente esforço em favor de uma solução negociada à crise.

A mídia oficial iraniana martela que o recente massacre de Houla, no qual 108 civis morreram, foi perpetrado por terroristas apoiados por Israel e EUA.

Analistas avaliam que o esforço de Teerã pró-Assad é movido mais por necessidade do que por empatia real.

"O Irã não apoia Assad em si, mas qualquer governo que resistir à influência ocidental e israelense", disse à Folha o pesquisador Hassan Beheshtipour, da Universidade Shahid Beheshti, Teerã.

Damasco serviu de duto para a entrega de dinheiro e armas de Teerã ao Hamas, em Gaza, e ao Hizbollah, no Líbano. Mas, diante da rejeição dos muçulmanos à violência contra civis, os dois grupos vêm se afastando do Irã.

Beheshtipour afirma ser "perfeitamente normal" o Ocidente apoiar os rebeldes no esforço para derrubar Assad. "Cada um defende seus interesses, e o interesse dos ocidentais é levar ao poder um governo aliado na Síria."

Na opinião do analista iraniano-americano Alex Vatanka, do Instituto do Oriente Médio, em Washington, Irã e Síria têm um "casamento por conveniência". Vatanka afirma que o xiismo iraniano não tem elos fundamentais com o clã alauita de Assad e que o comércio bilateral é modesto.

O que na verdade está em jogo, diz, é a própria sobrevivência da República Islâmica.

"Não é o destino de Assad que preocupa Teerã, mas a possibilidade de que sua queda abra caminho para uma ação liderada pelos EUA contra o próprio Irã", escreveu Vatanka no site Tehran Bureau.

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