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Missão da ONU entra em local de massacre

Monitores chegam a aldeia onde 78 pessoas teriam sido mortas por milícia fiel ao regime de Assad na última quarta

Observadores, que haviam sido impedidos de se dirigir à região anteontem, relatam cenário de devastação

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Monitores da ONU sentiram o cheiro de corpos queimados e viram pedaços de cadáveres ontem ao entrar pela primeira vez na aldeia em que foi relatado o mais recente massacre na Síria.

Um dia após serem barrados por forças sírias, os observadores conseguiram visitar o local onde, de acordo com ativistas da oposição, 78 pessoas foram mortas por milícias leais ao regime.

"Dá para sentir o cheiro de queimado dos cadáveres e ver partes de corpos", disse Sausan Ghosheh, porta-voz dos observadores.

Quando finalmente chegaram ontem à aldeia de 140 habitantes na província de Hama (região central), encontraram uma cidade-fantasma.

Repórteres descreveram um cenário de terra arrasada.

A pequena aldeia rural de Mazraat al Qabeer tornou-se o mais recente símbolo da brutalidade que levou a ONU a alertar para a iminência de guerra civil na Síria.

O conflito se espalhou até a áreas superprotegidas do país, como a capital Damasco, que ontem testemunhou trocas de tiros entre rebeldes e forças do governo. Uma bomba matou quatro soldados perto da capital.

Paul Danahar, repórter da rede BBC, descreveu uma aldeia dizimada. "Não havia ninguém para contar o que aconteceu", relatou.

Um vídeo divulgado pela ONU mostra os observadores caminhando em meio a destroços de casas simples, poças de sangue coagulado e fumaça, enquanto moradores contavam como parentes foram mortos pelo regime.

Os corpos aparentemente foram removidos, segundo o jornalista da BBC.

"Quem quer que tenha feito isso pode ter agido com violência negligente, mas as tentativas de ocultar os detalhes da atrocidade são calculadas e claras", afirmou.

O regime negou as acusações e culpou "gangues terroristas". Ghosheh, a porta-voz dos monitores da ONU, disse que os depoimentos de moradores foram "conflitantes" e que é necessário prosseguir a investigação.

Após reconhecer que o cessar-fogo não está sendo cumprido, Kofi Annan, o enviado especial da ONU, tenta reunir os membros permanentes do Conselho de Segurança e países da região para discutir novas ações.

China e Rússia mantêm-se relutantes em aprovar ações mais duras contra a Síria.

O governo brasileiro divulgou nota ontem "repudiando veementemente" o massacre em Houla, em que foram mortas 108 pessoas no dia 25. No comunicado, o Brasil "insta o governo sírio a cooperar" com a missão da ONU.

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