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Ditadura síria faz crianças de escudos humanos, diz ONU

Relatório do organismo aponta ainda que menores entre 8 e 13 anos foram submetidos a abusos sexuais e tortura

Maioria dos abusos foi cometida pelo regime, mas rebeldes também recrutaram menores, afirma o documento

Pierre Verdy/France Presse
Opositores de Assad denunciam crimes contra crianças diante do museu do Louvre, em Paris
Opositores de Assad denunciam crimes contra crianças diante do museu do Louvre, em Paris

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Além de sofrerem abusos sexuais e tortura, crianças têm sido usadas como escudos humanos pelas forças de segurança sírias na repressão ao levante contra o regime, afirma um documento divulgado ontem pela ONU.

Segundo o relatório anual da organização sobre crianças em áreas de conflito, as forças sírias não têm poupado menores de idade na ofensiva contra a revolta, que amanhã completa 15 meses com sinais cada vez mais claros de guerra civil.

"Crianças entre 8 e 13 anos foram levadas à força de suas casas e usadas por soldados como escudos humanos, colocadas nas janelas de ônibus que levavam militares em ataques a vilarejos", afirma.

Crianças também foram torturadas, espancadas, queimadas com cigarros, submetidas a abuso sexual e choques elétricos pelas forças sírias, enumera o dossiê.

Embora a maioria dos abusos tenha sido cometida pelo regime e seus aliados, há relatos, diz a ONU, de que os rebeldes recrutaram crianças para lutar contra as forças leais ao ditador Bashar Assad.

Incapaz de reduzir a violência, apesar de ter intermediado um cessar-fogo e enviado 300 observadores, a ONU reconhece que o país está em guerra civil. "O governo perdeu grandes porções de território em várias cidades para a oposição", disse o subsecretário para Operações de Paz, Hervé Ladsous.

Nas ofensivas para retomar as áreas perdidas, disse Ladsous, o Exército sírio tem usado não apenas tanques, mas também helicópteros.

Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, criticou a Rússia por fornecer armas de ataque ao regime sírio, inclusive helicópteros, e disse que isso pode levar o conflito a uma escalada "dramática".

Ela desconsiderou a alegação de Moscou de que as armas fornecidas não são para uso interno de Assad.

Vários bastiões rebeldes estão sitiados pelo Exército e moradores não conseguem sair de casa há dias, dizem ativistas da oposição.

Ontem, um comboio da ONU foi impedido de chegar a uma dessas áreas sitiadas, a cidade de Haffa (norte). Os observadores foram barrados por uma multidão enfurecida, com pedras e barras de ferro. Tiros também foram disparados, mas não está claro de onde partiram.

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