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Ditadura síria faz crianças de escudos humanos, diz ONU Relatório do organismo aponta ainda que menores entre 8 e 13 anos foram submetidos a abusos sexuais e tortura Maioria dos abusos foi cometida pelo regime, mas rebeldes também recrutaram menores, afirma o documento
DE JERUSALÉM Além de sofrerem abusos sexuais e tortura, crianças têm sido usadas como escudos humanos pelas forças de segurança sírias na repressão ao levante contra o regime, afirma um documento divulgado ontem pela ONU. Segundo o relatório anual da organização sobre crianças em áreas de conflito, as forças sírias não têm poupado menores de idade na ofensiva contra a revolta, que amanhã completa 15 meses com sinais cada vez mais claros de guerra civil. "Crianças entre 8 e 13 anos foram levadas à força de suas casas e usadas por soldados como escudos humanos, colocadas nas janelas de ônibus que levavam militares em ataques a vilarejos", afirma. Crianças também foram torturadas, espancadas, queimadas com cigarros, submetidas a abuso sexual e choques elétricos pelas forças sírias, enumera o dossiê. Embora a maioria dos abusos tenha sido cometida pelo regime e seus aliados, há relatos, diz a ONU, de que os rebeldes recrutaram crianças para lutar contra as forças leais ao ditador Bashar Assad. Incapaz de reduzir a violência, apesar de ter intermediado um cessar-fogo e enviado 300 observadores, a ONU reconhece que o país está em guerra civil. "O governo perdeu grandes porções de território em várias cidades para a oposição", disse o subsecretário para Operações de Paz, Hervé Ladsous. Nas ofensivas para retomar as áreas perdidas, disse Ladsous, o Exército sírio tem usado não apenas tanques, mas também helicópteros. Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, criticou a Rússia por fornecer armas de ataque ao regime sírio, inclusive helicópteros, e disse que isso pode levar o conflito a uma escalada "dramática". Ela desconsiderou a alegação de Moscou de que as armas fornecidas não são para uso interno de Assad. Vários bastiões rebeldes estão sitiados pelo Exército e moradores não conseguem sair de casa há dias, dizem ativistas da oposição. Ontem, um comboio da ONU foi impedido de chegar a uma dessas áreas sitiadas, a cidade de Haffa (norte). Os observadores foram barrados por uma multidão enfurecida, com pedras e barras de ferro. Tiros também foram disparados, mas não está claro de onde partiram. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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