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'Milícia fantasma' de Assad aterroriza rebeldes no país

KHALED YACOUB OWEIS
DA REUTERS, EM AMÃ

Jovens tatuados equipados com fuzis de assalto AK-47 descem das colinas para as aldeias bombardeadas pela artilharia síria e invadem casas, matando mulheres e crianças a facadas.

Depois partem, às vezes levando os cadáveres para ocultar sinais de massacre.

Relatos como esse, de parte da população e de ativistas da oposição, vêm sendo ouvidos com frequência cada vez maior na Síria durante a insurgência contra o ditador Bashar Assad, iniciada 15 meses atrás.

Ativistas culpam a temida milícia Shabiha ("fantasma"), a mais impiedosa oponente da rebelião. Autoridades sírias imputam a responsabilidade a "grupos terroristas" islâmicos.

Uma organização de origens humildes, estabelecida por parentes do ditador Assad para atividades de extorsão e contrabando na cidade costeira de Latakia, a milícia Shabiha se transformou em uma operadora de temidos esquadrões da morte, aos quais é imputada a culpa por algumas das piores atrocidades da rebelião.

Quando Assad passou a recorrer cada vez mais aos seus parentes para reforçar seu controle sobre o país, depois de herdar o poder com a morte de seu pai, em 2000, a Shabiha começou a se expandir em Latakia e nas montanhas próximas.

Primos de Assad dirigem Mercedes classe S de janelas escuras e equipados com um arsenal de armas de fogo pesadas, abrindo caminho agressivamente no trânsito.

Depois do levante, não demoraram a se tornar uma milícia de grande porte. Instruídos pelas forças de segurança ou por funcionários do partido Baath, que governa a Síria, reprimem manifestações em todo o país, às vezes disparando munição letal contra manifestantes.

Em comícios favoráveis ao regime sírio, meses atrás, membros da milícia carregavam faixas que diziam "Assad, somos seus shabiha para sempre" e "Assad: seu nome está gravado em nossos AK-47".

"Os shabiha se tornaram uma milícia localizada. Sua missão é aterrorizar a população e fazer limpeza étnica", diz um diplomata.

Ativistas afirmam que a campanha para recrutar e treinar shabiha, muitos dos quais garotos de 15 anos, vem sendo reforçada.

"Os shabiha são propelidos pela sensação de impunidade -podem matar quantos sunitas quiserem, enquanto o apoio russo ao regime bloqueia qualquer possibilidade de intervenção internacional", diz Fawaz Tello, veterano ativista de oposição que fugiu da Síria no ano passado.

Tradução de Paulo Migliacci

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