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Mesmo com pacote, juro espanhol é recorde

Mercado cobra quase 7% para rolagem de papéis do país, recorde desde 1999; nível é considerado insustentável

Itália, cujos títulos também apresentam taxas altas, e Grécia, com eleições domingo, preocupam a Europa

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Três dias depois de acertar um pacote de resgate com a União Europeia, a Espanha viu os títulos de sua dívida pública com vencimento em dez anos chegarem à maior taxa de juros desde a implementação do euro, em 1999, sinal de desconfiança dos investidores quanto ao futuro do país e da zona do euro.

Ontem, os papéis espanhóis chegaram a ser negociados a juros de 6,8%, mas fecharam o dia com índices de 6,705%. Quanto maiores os juros, maior a desconfiança que o mercado tem em relação a esses títulos.

A taxa de risco do país, calculada com base na diferença entre os papéis espanhóis e os seguros títulos da Alemanha, chegou a 543 pontos, novo recorde, mas encerrou o dia em 528 pontos.

DÚVIDAS

Embora a Espanha tenha anunciado que chegou a um acordo para receber um empréstimo das autoridades europeias no valor de até € 100 bilhões para sanear seu setor bancário, ainda sobram muitas dúvidas sobre as condições desse resgate.

A única informação confirmada até o momento é que esse dinheiro será repassado a um fundo de reestruturação bancária do país por meio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. As incertezas levaram a agência de classificação de risco Fitch a rebaixar a nota de 18 bancos espanhóis.

A quarta maior economia da zona do euro é o quarto país a ser resgatado pela União Europeia, somando-se a Portugal, Irlanda e Grécia.

A Itália, terceira maior economia da região, também é objeto de preocupação para o mercado. Os títulos da dívida pública do país com vencimento em dez anos chegaram ontem a juros de 6,3%.

O premiê italiano, Mario Monti, convocou reunião emergencial com os principais partidos para discutir medidas contra a crise.

Outra preocupação da comunidade internacional é a Grécia. No domingo, o país passa por novas eleições parlamentares, e um dos partidos com maior intenção de voto, o Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), já afirmou que pretende rever o pacote de resgate à Grécia.

Se o acordo for rompido, é provável que o país saia da zona do euro.

EMERGÊNCIA

A União Europeia já trabalha com planos de emergência para esse caso, que incluem a limitação de saques nos caixas automáticos no país e o restabelecimento de controles de capitais e de fronteiras com a Grécia.

Em entrevista ao jornal "Financial Times", o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, pediu que os países do bloco caminhem para uma união bancária.

Mas a vice-presidente do banco central alemão, Sabine Lautenschlager, afirmou que uma união bancária funcionará apenas se acompanhada de uma união fiscal entre os Estados.

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