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Grécia quer rever termos do seu resgate

A quatro dias da segunda eleição em pouco mais de um mês, candidatos ameaçam renegociar pacote com Europa

Desconfiança leva a população do país a sacar € 800 mi por dia para comprar comida, segundo banqueiros

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

A quatro dias de uma nova e decisiva eleição parlamentar na Grécia, a Europa ganhou uma nova preocupação quanto ao país.

Ontem, Antonis Samaras, líder do partido conservador Nova Democracia e um dos favoritos para ser premiê, declarou que quer rever os termos do acordo de austeridade fechado com a União Europeia caso vença a eleição.

Até agora, ele vinha se mostrando um dos maiores defensores do pacote, que prevê cortes e demissões. Sem a adesão grega, a UE congelaria o repasse de parcelas de ajuda à Grécia, que seria forçada a deixar o euro.

"A Europa está mudando. A Grécia tem chance de negociação justa com esse clima de mudança", disse Samaras, ressaltando que pretende manter o país na eurozona.

Até então, o temor das autoridades europeias era centrado apenas em uma vitória do Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), cujo líder, Alexis Tsipras, já afirmou que cancelará o pacote de austeridade na segunda-feira, dia seguinte à eleição, caso obtenha maioria no Parlamento.

Na edição de ontem do jornal "Financial Times", Tsipras publicou artigo em que contesta a visão de que a vitória de seu partido levará à saída do país do euro. O povo grego, diz ele, quer substituir o pacote de austeridade por um "plano nacional de reconstrução e crescimento".

Os dois líderes partidários concordam que é crucial que a segunda eleição parlamentar na Grécia resulte na formação de um governo.

Em maio, nenhum partido recebeu votos suficientes para indicar o premiê e as negociações entre as siglas chegaram a um impasse, razão da nova disputa no domingo.

COMIDA ESTOCADA

Na Grécia, a desconfiança quanto ao resultado das eleições de domingo tem levado a população a sacar cerca de € 800 milhões por dia, segundo banqueiros ouvidos pela agência Reuters.

O dinheiro está sendo usado para a compra de estoques de comida, especialmente macarrão e alimentos enlatados, já que as pessoas temem que o país saia do euro e retorne à moeda antiga, o dracma, caso o Syriza vença.

O Nova Democracia tem usado o argumento de que a eleição é uma escolha entre o euro e o dracma. Essa estratégia também vem sendo usada pelos principais líderes europeus, que chegaram a cogitar a hipótese de um referendo sobre a permanência da Grécia na zona do euro.

O Syriza, por sua vez, promete interromper as medidas de austeridade impostas à Grécia, como cortes de salários e aposentadorias. União Europeia e FMI já avisaram que o país precisa seguir cumprindo as condições do resgate ou não receberá mais o dinheiro.

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