Atenas vive dias calmos, apesar da expectativa quanto à eleição

Embora as eleições de hoje sejam cruciais para o país, não há sinais de medo quanto ao futuro nas ruas de Atenas.

Durante a semana, agências divulgaram notícias de que havia uma corrida aos supermercados da cidade para estocar alimentos enlatados e macarrão, por incerteza sobre a permanência no euro.

A Folha visitou na sexta-feira supermercados na região de Vironas, área residencial da cidade, e constatou prateleiras cheias e movimento normal. Na rede Sklavenitis, Francesca, uma das funcionárias, disse que o movimento na semana anterior à eleição não foi maior do que nas demais semanas do mês.

"Se tivéssemos dinheiro, até poderíamos estocar comida, mas só conseguimos fazer as compras habituais."

A Grécia está em recessão há cinco anos, e o desemprego no primeiro trimestre deste ano chegou a 22,6% da população, maior taxa desde o início da série, em 1998.

Nos bancos do centro da cidade, não havia filas nos caixas eletrônicos -à exceção de terminais perto da Acrópole, tradicional ponto turístico.

Havia muitos cartazes do Syriza (coalizão de esquerda), do Partido Comunista e do Nova Democracia no centro. O único partido sem anúncios na região era o Aurora Dourada, de extrema direita.

Thanos, 28, que não quis declarar o sobrenome, apoiador do Syriza, crê que a retirada de dinheiro dos bancos está sendo promovida pelos setores mais ricos da Grécia, temerosos de uma vitória do partido de esquerda.

Para Panagiotis Vousaelinis, 30, integrante da organização de militância jovem do partido Nova Democracia, se o Syriza chegar ao poder, o país será forçado a sair não só da zona do euro, mas também da União Europeia.

Ciente de que seu partido não deve obter a maioria das cadeiras do Parlamento, ele vê como solução a formação de uma coalizão com o socialista Pasok e com a legenda Esquerda Democrática.