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G20 vira grupo de 19 contra a Alemanha

Líderes das maiores economias mundiais devem pressionar chanceler Angela Merkel para apostar em crescimento

EUA se apresentam como exemplo de políticas de incentivo à economia, com a criação de empregos

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LOS CABOS (MÉXICO)

O G20 que começa amanhã poderia mudar o nome para G19 versus Alemanha.

É esse o espírito que cerca o sétimo encontro de cúpula entre os líderes das maiores economias mundiais: pressionar a chanceler Angela Merkel a colocar fortes pitadas de crescimento ao lado (ou acima, conforme alguns países) da rigidez orçamentária que caracteriza a política europeia de combate à crise, ditada por Berlim.

Todos os parceiros da Alemanha no clubão acabaram alinhando-se com a posição que os Estados Unidos (e o Brasil) defendem faz algum tempo e foi explicitada na sexta-feira por Michael Froman, o principal negociador norte-americano. Froman usou o exemplo do presidente Barack Obama para enfatizar seu argumento:

"O enfoque do presidente de estimular a criação de emprego e o crescimento imediatos, com significativa redução do deficit a médio prazo, representa a melhor política."

Vale para os Estados Unidos, vale para a Europa, vale para o mundo, dirão Obama e os outros governantes.

Dois deles, aliás, chegarão com mais que palavras a Los Cabos, o balneário mexicano que é a sede do encontro: o britânico David Cameron e o italiano Mario Monti já anunciaram pacotes de estímulo no valor total de € 200 bilhões (R$ 521 bi), sendo € 120 bilhões no Reino Unido.

Antes deles, o novo presidente francês, François Hollande, já havia colocado o crescimento como prioridade imediata.

Agora, segundo a Folha apurou, nem mesmo o Canadá, que vinha se alinhando com a Alemanha nas reu-

niões prévias à cúpula, resiste à tese de que "o foco esmagadoramente predominante no G20 tende a ser como promover e manter o crescimento econômico global", como diz Froman.

O problema para que esse foco de fato predomine é que a cúpula começa um dia depois da crucial votação na Grécia, com a perspectiva de que não haja uma definição clara sobre o governo que será formado (ou não será, como já aconteceu após a eleição anterior, em maio).

Mesmo assim, os EUA trazem uma posição que difere um pouco da que a Europa vem mantendo: defendem, como os europeus dizem defender, que a Grécia permaneça no euro e que cumpra o acordo com os europeus.

Mas acrescentam um matiz: querem trabalhar com seus parceiros para "colocar a Grécia em um caminho sustentável", diz Lael Brainard, subsecretário do Tesouro para Assuntos Internacionais.

Tradução: para que a Grécia fique no euro e cumpra seus compromissos, precisa vislumbrar alguma perspectiva de saída do poço, o que não acontece com o programa europeu em andamento.

"BIG BANG"

De todo modo, ninguém espera do G20 uma definição detalhada de como fazer para crescer no curto prazo, gerando emprego e reduzir a médio prazo dívida e deficit.

Afinal, se a Europa é quem tem de fazer os acertos básicos, seus parceiros precisarão esperar os debates internos, um no dia 22, entre os quatro grandes (Alemanha, França, Itália e Espanha), e outro, nos dias 28 e 29, do qual se espera uma espécie de "big bang" -um plano definitivo para salvar o euro e, em consequência, evitar uma nova recessão global.

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