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Brics criam seu 'fundo virtual' anticrise

Mecanismo dos 5 emergentes se inspira em iniciativa de países asiáticos para combater problemas de liquidez

Para o ministro Guido Mantega, grupo sinaliza ao mercado que está pronto a administrar eventuais problemas

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LOS CABOS

Os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) decidiram anunciar ontem, após reunião entre seus líderes, o que o ministro Guido Mantega chamou de "fundo virtual de reservas". Objetivo: fazer "swaps" (trocar créditos) entre os cinco integrantes do grupo.

O fundo é virtual porque nenhum país desembolsa dinheiro pelo menos até que o mecanismo esteja implementado, o que levará tempo. Na nota oficial distribuída após o encontro dos Brics, a informação é a de que os estudos deverão ser apresentados aos governantes em 2013.

Mantega preferiu dizer que será às vésperas da assembleia-geral de primavera do Fundo Monetário Internacional, sempre em abril.

Ou seja, levará ainda um ano para que o fundo esteja com o seu esqueleto pronto. Pode levar mais tempo ainda para a implementação, se o modelo for, como o ministro disse, a Iniciativa Chiang Mai, um fundo dotado de US$ 240 bilhões, criado por países asiáticos para enfrentar eventuais crises de liquidez.

Mecanismos desse tipo servem exatamente para driblar restrições no crédito a países emergentes.

Para o ministro brasileiro, trata-se de enviar aos mercados a mensagem de que os Brics estão prontos para atuar de forma a restabelecer a confiança destes e também da sociedade na capacidade dos governos de gerir a crise.

O ministro e seus assessores deram muita importância à iniciativa, por mais que ela seja para um prazo relativamente longo e que não se tenham mencionado números que cada país porá à disposição do fundo.

Os Brics anunciaram também que vão de fato aumentar a sua contribuição para o Fundo Monetário Internacional, tal como haviam se comprometido em abril, quando o G20 resolveu pôr à disposição da instituição US$ 430 bilhões para reforçar o poder de fogo contra a crise.

O valor exato da contribuição de cada Bric será anunciado durante a cúpula do G20, que termina hoje.

A expectativa é de que gire em torno de US$ 70 bilhões -mais ou menos a quantia que falta para completar os US$ 430 bilhões, já que os países ricos se comprometeram a alocar US$ 362 bilhões.

O Brasil e os outros Brics ameaçavam só pôr dinheiro se a reforma no sistema de voz e voto no Fundo fosse implementada na forma e prazos combinados em cúpulas anteriores do G20.

Mas resolveram mudar a linguagem: contribuirão de qualquer maneira "na antecipação de que todas as reformas acertadas em 2010 serão plenamente implementadas e no tempo adequado".

O "tempo adequado" seria este ano, se valer o acertado em 2010. Com a reforma, o Brasil salta do 14º lugar, com 1,78% das cotas, para o 10º, com 2,32%.

Mas o grande salto será obviamente o da China, que viu seu poder no Fundo aumentar mais de 50%, passando do 6º para o 3º lugar, com 6,39% das cotas.

Os Brics esperam ainda que os novos recursos só fiquem à disposição se e quando os fundos já existentes forem "substancialmente utilizados".

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