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Crescimento vence austeridade no G20

Cúpula dos países mais ricos define que medidas de estímulo à economia terão prioridade sobre ajuste fiscal

Texto final do encontro afirma que os países da zona do euro tomarão medidas para garantir a estabilidade da área

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LOS CABOS

A sétima cúpula do G20 terminou ontem com uma vitória clara do crescimento sobre a austeridade, desenlace de um debate que se instalou especialmente na Europa desde que o socialista François Hollande ganhou a eleição francesa de 6 de maio, erguendo essa bandeira.

Como a Folha já havia antecipado domingo, a prioridade agora é para o crescimento, em termos tão nítidos que a consolidação fiscal (ou ajuste das contas públicas) nem figura no parágrafo mais significativo.

Diz: "Trabalharemos coletivamente para fortalecer a demanda e restaurar a confiança, com vistas a respaldar o crescimento e estimular a estabilidade financeira, de forma a criar empregos de alta qualidade e oportunidades para todos os nossos cidadãos".

O grupo das 20 maiores economias do mundo ainda aprovou "o Plano de Ação de Los Cabos para o Crescimento e o Emprego".

É natural que o presidente francês tenha festejado o resultado, na entrevista coletiva concedida após encerrado o encontro: "Colocamos o crescimento no coração de nossa ação".

De todo modo, o G20 passou a bola agora para a Europa, que faz no dia 28 uma cúpula tida como decisiva para determinar se a estabilidade e, depois, o crescimento de fato se sobreporão à austeridade fiscal, tão cara à Alemanha.

O documento final de Los Cabos diz que "os membros do G20 da zona do euro tomarão todas as necessárias medidas políticas para salvaguardar a integridade e a estabilidade da área, aperfeiçoar o funcionamento dos mercados financeiros e quebrar o vínculo entre dívidas soberanas [dos Estados] e dos bancos".

A proposta de romper tal vínculo é principalmente da Espanha, que tem uma dívida razoável, para os atuais padrões europeus, inferior até à da virtuosa Alemanha, mas paga juros insuportáveis para rolá-la porque seus bancos estão enforcados.

A prioridade para o crescimento era a tese defendida, a rigor, por todos os 19 membros do G20, com exceção da Alemanha. Não que a chanceler alemã Angela Merkel seja contra (ninguém pode ser contra o crescimento).

É que ela acredita que o caminho para chegar a ele passa, antes, por ajustar as contas públicas.

A tese norte-americana, com todo o peso que implica ser a maior potência do planeta, é, ao contrário, a de que o crescimento deve vir agora e o ajuste fiscal no médio prazo.

GRÉCIA

O texto final recolhe essa ideia, ao dizer que as economias avançadas "assegurarão que o ritmo da consolidação fiscal é apropriado para respaldar a recuperação", deixando as "preocupações com a sustentabilidade fiscal para o médio prazo".

Sobre a Grécia, o comunicado é parcimonioso: diz apenas que a eurozona deveria trabalhar em parceria com o próximo governo grego, "para assegurar que permaneça no caminho das reformas e da sustentabilidade dentro da eurozona".

Mas Hollande deu um passo além, ao afirmar que, embora a Grécia deva cumprir as obrigações assumidas com a Europa, em troca de ajuda, a Europa tem que fazer "tudo para ajudar a Grécia a entrar no caminho do crescimento".

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