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Grécia forma governo pró-pacote europeu

Conservador Antonis Samaras é empossado premiê, afastando a possibilidade imediata de saída do país do euro

Em Berlim, Angela Merkel sinaliza que fundo europeu pode ser usado na compra de títulos soberanos

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

No último dia do prazo, os principais partidos políticos da Grécia anunciaram ontem que chegaram a acordo para formar um governo de coalizão que afasta, ao menos de imediato, a ameaça de saída do país da zona do euro.

O conservador Nova Democracia, que obteve a maior votação das eleições parlamentares de domingo e 129 cadeiras no Parlamento, será apoiado pelo socialista Pasok, com 33 representantes, e pelo pequeno Esquerda Democrática, que conquistou 17 vagas. No total, a coalizão contará com 179 das 300 cadeiras do Parlamento.

As legendas são favoráveis, ainda que com ajustes, ao pacote acertado com a "troica" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI), que exige cortes e demissões.

O líder do partido mais votado, Antonis Samaras, 61, foi empossado como novo premiê da Grécia para um mandato de dois anos.

Samaras afirmou que "pedirá ao novo governo, que será formado amanhã [hoje], para trabalhar duro, de modo que possamos oferecer esperanças concretas ao povo".

A formação do governo só foi possível porque a legislação grega oferece 50 cadeiras adicionais ao partido que conquista mais votos na eleição proporcional.

O segundo partido com mais votos, o Syriza (Coalizão da Esquerda Radical), de retórica antiausteridade, elegeu 71 representantes, mas ficou a apenas três pontos percentuais da votação obtida pelo Nova Democracia: 26,89% contra 29,66%.

O novo governo repetirá a convivência entre Nova Democracia e Pasok no poder que ocorreu durante o mandato interino do premiê Lucas Papademos (novembro de 2011 a maio de 2012), período em que foi acertado o segundo pacote de socorro ao país.

A coalizão de Samaras tentará renegociar alguns termos do pacote, como tempo para cumprir metas de redução do deficit e da dívida pública.

Alguns líderes europeus já sinalizaram que podem fazer concessões ao país. A chanceler (premiê) da Alemanha, Angela Merkel, contudo, reafirmou que "o novo governo deve continuar a cumprir os compromissos acertados".

TÍTULOS DA DÍVIDA

Evitando comprometer-se, Merkel sinalizou ontem que pode abandonar sua oposição ao uso do novo fundo europeu de estabilização financeira para comprar títulos da dívida de países com turbulência, como Itália e Espanha.

O objetivo é valorizar esses títulos, reduzindo o juro cobrado do mercado para que esses países se refinanciem.

"Que eu saiba, não há um plano concreto, mas há uma possibilidade de compra de títulos soberanos no mercado secundário", afirmou Merkel. "Mas essa é uma declaração meramente teórica sobre a situação legal."

Proposta nesse sentido foi apresentada pelo premiê Mario Monti (Itália) na cúpula do G20 no México e defendida ontem pelo presidente François Hollande (França).

"A Itália lançou uma ideia que merece ser analisada", disse Hollande, que defendeu que a proposta seja usada para "países virtuosos como a Itália" para que "consigam financiar suas dívidas".

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