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Para salvar líder, Dilma ameaçou sanção

Presidente e chanceler Antonio Patriota se reúnem hoje para estudar reação brasileira à deposição do paraguaio

Interesses do Brasil no país incluem a usina de Itaipu e a situação de 400 mil produtores rurais, os "brasiguaios"

FERNANDO RODRIGUES
FERNANDO RODRIGUES

O Brasil tentou evitar até o último momento o impeachment de Fernando Lugo.

À tarde, antes da decisão do Senado, a presidente Dilma Rousseff chegou a ameaçar sanções ao Paraguai caso prosperasse o processo de afastamento.

Na Rio+20, ela disse em entrevista que o Mercosul e a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) são organizações que têm cláusulas em seus estatutos exigindo o respeito às regras democráticas.

"Há previsão de sanção" para quem não cumprir "os princípios que caracterizam uma democracia", afirmou. Para ela, o Paraguai vivia uma "situação complicada".

Indagada sobre qual seria a sanção, respondeu de maneira genérica. Disse que para um país que transgride a cláusula de democracia, é a "não participação nos órgãos multilaterais". Ou seja, expulsão de Mercosul e Unasul.

REAÇÃO

A presidente comandou desde quinta uma reação dos países latino-americanos contra a deposição de Lugo.

Em conversas reservadas no governo brasileiro, o impeachment é tratado como golpe. Dilma e o Itamaraty não se pronunciaram sobre o afastamento de Lugo até a conclusão desta edição. A presidente e o chanceler Antonio Patriota devem se reunir hoje para discutir a deposição de Lugo.

Ontem, a presidente considerou demonstração de amadurecimento o envio dos chanceleres da Unasul para Assunção. Patriota seguiu na noite de quinta para a capital paraguaia, junto com seus pares da Argentina, Colômbia, Uruguai e Venezuela.

"A América Latina evoluiu. Conseguimos agir por nós mesmos", disse Dilma.

Ainda na quinta, Patriota e seus colegas do bloco se reuniram com Lugo, em sua residência. Ontem, passaram o dia em encontros com políticos paraguaios, pedindo mais tempo de defesa para o presidente -em vão.

Desde que foi pego de surpresa, anteontem, o Itamaraty tentou manter Lugo no poder por diversos motivos.

Em primeiro lugar, pela proximidade política entre o PT e Lugo, um ex-bispo com origem no movimento social.

Além disso, há uma série de interesses do Brasil em jogo, o mais importante a usina binacional de Itaipu.

Apesar de Lugo ter pressionado e obtido um novo acordo, mais favorável, de compensação financeira do Brasil pelo uso da energia paraguaia, a relação com Dilma se manteve próxima.

Também há a questão dos "brasiguaios", 400 mil brasileiros, a maioria produtores rurais, em tensão permanente com camponeses.

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