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'Não busco lealdade de países', diz Capriles Candidato da oposição à Presidência da Venezuela afirma que não visa apoio exterior DA ENVIADA A CUMANÁ (VENEZUELA)Defensor do "modelo brasileiro" de desenvolvimento encarnado pelo governo Lula, o candidato da oposição à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles Radonski, diz que não se "distrai" com o apoio público do PT a Chávez. Introduziu, no entanto, uma mudança de discurso. Parou de falar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um amigo de seu oponente, quando menciona o Brasil. Agora, retrocede um pouco para contar a história "exitosa" recente do país, começando no Plano Real, do governo FHC (1995-2002). "Apoio de fora? Não quero ser líder do mundo, quero ser líder do meu país", disse à Folha o candidato, numa entrevista em 13 de junho, entre dois eventos de campanha em Cumaná, capital de Sucre. - Folha - O sr. sempre diz que seu modelo é o de Lula. Por quê? Henrique Capriles - Não personalizaria. Mencionaria o que chamo de modelo brasileiro: trata-se de crescimento, de desenvolvimento com profunda vocação social. Prefiro que o país cresça menos a que cresça muito e esse crescimento não chegue aonde deve chegar, que é ao pobre. Aqui estamos falando de tirar pessoas da pobreza. O Brasil teve uma situação difícil no passado, econômica, com hiperinflação, e social. Depois do Plano Real, começou a trilhar um caminho. Digo que o modelo brasileiro entendeu que para poder desenvolver o país não é o Estado o único que deve ter a bandeira, a batuta. A Venezuela tem tido, nestes anos, apenas distribuição da renda gerada pelo petróleo, e mal distribuída. Esse governo não cria empregos. Vai tomando o controle da sociedade, e isso nos estancou. O sr. diz não querer personalizar, mas o que acha do apoio declarado pelo PT a Chávez? Isso não me distrai. Eu não estou buscando apoio de partidos fora da Venezuela. Não preciso de ninguém para erguer minha mão. Estou trabalhando para ganhar a confiança de todos os venezuelanos. Apoio de fora? Não quero ser líder do mundo, eu quero ser líder do meu país. A Venezuela terá eleições livres e justas? Essa eleição vai estar cheia de dificuldades. Vimos no processo de inscrição [das candidaturas, em 10 e 11]. Para nós, o protocolo, as restrições. Quando cheguei lá, me diziam "não se sente aqui", "cuidado". E veja o que passou no dia seguinte. O outro candidato fez o que deu vontade. Puseram microfone para ele falar com autoridades do Conselho Nacional Eleitoral. O sr. confia no CNE? Reconhecerá os resultados? Confio na vontade dos venezuelanos. O CNE é o órgão que organiza o processo. Mas a defesa do voto e a transparência do processo dependem de nós, da nossa capacidade de organização. Sempre reconheci os resultados. Quando a oposição não reconheceu os resultados? Uma só vez, em 2004, quando a oposição disse que houve fraude. Eu estava preso. Isso deveria ser perguntado ao governo. Por que quando perdeu em 2007 houve horas e horas de espera [para a divulgação dos resultados do referendo sobre a reforma constitucional pelo CNE]? Depois, o outro candidato saiu a insultar, falando da derrota eleitoral sofrida. Como se ele mesmo tivesse decidido: "Bom, meditei e perdemos. Mas foi uma vitória de...". Disse até grosserias. Qual a sua política petroleira? Demitirá funcionários? Recontratará despedidos? A indústria petroleira está chamada a melhorar sua produção, seu rendimento. A PDVSA foi convertida num empresa metida na política partidária. Os trabalhadores do setor petroleiro podem ficar tranquilos. Essa é uma empresa dos venezuelanos, não do governo, e há que colocá-la a serviço dos venezuelanos, e não de estrangeiros. Que interesses estrangeiros? Quantos barris de petróleo a PDVSA dá de presente a outros países? Ninguém sabe. Qual é a verdadeira produção petroleira na Venezuela? Ninguém sabe. A PDVSA é inauditável já faz algum tempo. O que espera dos países vizinhos durante o processo eleitoral? Vigilância? Sim, como não? Há algo que está em jogo, que é a reeleição indefinida. Algo que é nefasto para nossos países. Esse governo aspira a governar seis anos mais, para chegar a 20. O pior que pode acontecer com nossos países é ter governos longos, eternos, corruptos, ineficientes, como temos na Venezuela. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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