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'Polícia não tem cultura de direitos humanos'

Por isso, segundo o ministro do Interior, Carmelo Caballero, ação será mais cuidadosa

DA ENVIADA A ASSUNÇÃO

Novo no posto, mas não na pasta responsável pela segurança e pelas ações de desocupação de terras, Carmelo Caballero, o ministro do Interior do presidente Federico Franco, admite que a maioria dos policiais paraguaios "não tem uma cultura de respeito aos direitos humanos".

Por isso, defendeu, em entrevista à Folha, que o Estado garanta o uso da força só "em caso extremo". "Vamos ser mais cuidadosos depois de Curuguaty [conflito agrário que deixou 17 mortos e foi o estopim da queda de Lugo], mas não menos firmes." (IF)

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Folha -­ A má gestão diante dos confrontos por terra foi uma das principais acusações para a saída de Lugo. Como administrar a questão?
Carmelo Caballero ­- Não quero falar que continuaremos com o 'protocolo' [de procedimentos para desocupação] porque ele foi satanizado. Mas continuaremos usando a força só em casos extremos. Nosso país vem de uma cultura autoritária de 35 anos de ditadura. E a maioria dos policiais não tem uma cultura de respeito aos direitos humanos.
As normas de direitos humanos são extremamente exigentes sobre a atuação policial e, se o nosso país não esgotar as vias prévias à utilização da força, estaria exposto a sanções.

Isso se torna ainda mais necessário após a matança de Curuguaty?
No caso de Curuguaty, sabemos hoje que havia gente armada entre os invasores. Agora, antes de futuros procedimentos, é importante que a Polícia Nacional faça um exame exaustivo sobre a condição dos ocupantes.
Teremos de ter um maior trabalho de inteligência, e usar não qualquer policial, mas policiais treinados e equipados para esse tipo de enfrentamento. Vamos ser mais cuidadosos, mas isso não significa menos firmes.

É preciso estreitar também o diálogo com camponeses?
Existem muitas organizações sociais na luta pela terra que têm reclamações justas. Então, se temos organizações que são interlocutoras do governo, vamos respeitá-las e podemos dar uma resposta às agendas que pleiteiam.
Mas, para organizações camponesas que sirvam como suporte a um grupo criminoso, a resposta do Estado tem de ser diferente.

Que garantia os brasiguaios têm do governo Franco?
Durante a gestão anterior, já trabalhamos para que os produtores brasileiros, filhos de brasileiros paraguaios e paraguaios tivessem as garantias para produzir.
Para nós, não existe diferença entre paraguaios e brasileiros que trabalham no nosso país. Necessitamos de produtores, e os investimentos no nosso país devem ser preservados, porque os problemas sociais não vão ser resolvidos com repressão.

Os camponeses argumentam que muitas propriedades de brasileiros estão em terras públicas. Como o governo resolverá a questão de títulos?
A questão de terras teve uma péssima administração por décadas no Paraguai. Há violações de casos ambientais e tivemos reformas agrárias malfeitas, em que se entregaram terras a camponeses, que as venderam. Mas é preciso ver cada caso.
Se há terra irregular de um brasiguaio, o poder judicial terá de atuar, avaliando esses títulos. Mas, se um brasiguaio conta com um título de propriedade e não violou normas ambientais, vai ter garantias irrestritas deste governo.

Leia a íntegra
folha.com/no1111109

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