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Caso Lugo faz OEA enviar missão ao país

Liderada pelo secretário-geral da entidade, delegação ouvirá ex-presidente e novo governo sobre situação do Paraguai

Reunião extraordinária mostrou divisão entre países-membros; só 2 deles reconheceram na plenária a nova gestão

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Após uma acalorada reunião de quatro horas e meia de seu Conselho Permanente, a Organização dos Estados Americanos decidiu ontem enviar uma missão ao Paraguai para "recolher informações" após o impeachment sumário do presidente Fernando Lugo, na última sexta.

A delegação será liderada pelo secretário-geral José Miguel Insulza, que tomou a decisão ante a cacofonia dos países-membros, e terá menos poder do que se tivesse aval do conselho -algo em que o próprio representante do Paraguai insistira, afirmando ser uma "chance para mostrar que o país está em paz".

O objetivo é entrevistar Lugo e autoridades do novo governo, chefiado por seu vice, Federico Franco, e relatar o parecer na próxima semana.

O Brasil defendeu que o organismo internacional aguarde uma posição comum da Unasul, a ser selada sexta, antes de tomar decisões.

A sugestão, porém, irritou o representante paraguaio. "A OEA não depende da Unasul nem do Mercosul", disse Hugo Saguier. "Não tem por que esperar uma decisão que já sabemos qual será."

O embaixador, que representava o governo Lugo, evocou a Guerra do Paraguai (1864-1870) para pedir respeito à soberania do país e defendeu que o impeachment ocorreu dentro da lei local e em respeito à legislação internacional. "Foi um julgamento político", afirmou.

DISCÓRDIA

Os 34 países da OEA mostraram divisões profundas ontem em Washington.

Argentina, Nicarágua, Venezuela, Equador e Bolívia acusaram golpe e pediram a suspensão do Paraguai da OEA, enquanto EUA, México e Colômbia, entre outros, lamentaram o ocorrido sem contudo condenar nem reconhecer o novo governo.

"Uma decisão apressada não ajudará no processo", declarou a representante americana, Carmen Lomellin.

Apenas Honduras -que presidiu a sessão e passou por uma transição igualmente conturbada em 2009- e a Costa Rica reconheceram na plenária o governo Franco.

Para o ministro Breno Dias da Costa, que chefia interinamente a delegação brasileira, "ficou claro que houve um juízo sumário e uma ruptura da ordem democrática". Mas ele evitou chamar o novo governo de "golpista", como fez seu colega nicaraguense.

Indagado pela Folha, Costa negou que a sugestão seja mais uma tentativa do Brasil de esvaziar a OEA, como tem ocorrido desde que a presidente Dilma Rousseff se irritou com um parecer da organização sobre Belo Monte.

"Ninguém quer deixar a OEA fora do processo, mas é claro que os vizinhos têm mais interesse no que acontece no Paraguai, além de proximidade para entender."

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