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México deve eleger hoje candidato do PRI

Com favorito Peña Nieto, sigla que governou país por mais de sete décadas deve voltar ao poder após hiato de 12 anos

Decepção com atual governo no combate ao narcotráfico e apoio de TV explicam resultado, na opinião de analista

Adriana Zehbrauskas - 27.jun.2012/Folhapress
Estudante que se opõe a Enrique Peña Nieto em dia de manifestação contra candidato do PRI, cujo boneco foi queimado
Estudante que se opõe a Enrique Peña Nieto em dia de manifestação contra candidato do PRI, cujo boneco foi queimado

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

O PRI (Partido Revolucionário Institucional), que governou o México por mais de sete décadas (1929-2000), deve voltar ao poder com a eleição hoje de Enrique Peña Nieto, ex-governador do Estado do México.

Nas últimas semanas, Peña Nieto sofreu pressão de diferentes lados. A oposição fez denúncias de financiamento ilegal de campanha.

O movimento estudantil "Yo Soy 132" conduziu intensa campanha contra sua candidatura, chegando a queimar bonecos com sua imagem e a caminhar pelas ruas da Cidade do México com um caixão com sua foto.

Por fim, o candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador (PRD) galgou a segunda colocação nas pesquisas, derrubando a candidata da situação, Josefina Vázquez Mota (PAN).

Segundo a pesquisa mais recente, do jornal "El Universal", Peña Nieto mantém a primeira colocação, com 45%. López Obrador aparece com 27,9%, e Vázquez Mota, com 24,4%.

A esquerda joga suas fichas num maior comparecimento às urnas. O México tem quase 79 milhões de eleitores, mas apenas entre 45% e 50% desse total votam.

López Obrador tenta recuperar seu prestígio depois de seu comportamento, em 2006, ter sido rechaçado por parte da sociedade. Ao não aceitar a derrota nas urnas, por uma quantidade mínima de votos, para Felipe Calderón (PAN), López Obrador acampou no Zócalo (principal praça da cidade).

Neste ano, voltou com a tentativa de suavizar a imagem de radical, pregando uma "república amorosa".

Para o sociólogo Roger Bartra, três fatores explicam a volta do partido nascido no período pós-Revolução de 1910. Em primeiro lugar, uma decepção com o PAN, do presidente Calderón, que trava uma violenta guerra ao narcotráfico.

"É um saldo de 50 mil mortos, sem uma resolução do problema, que está pior."

Em segundo, está o fato de a Televisa, maior conglomerado de televisão do país, ter dado muita visibilidade a Peña Nieto. "Ele é muito midiático, tem pinta de galã, e o aspecto hollywoodiano aqui neste país não é menor."

Por último, vem a influência dos 20 governadores de províncias do PRI. "Eles têm influência sobre uma juventude que não experimentou o autoritarismo do partido e não imagina o que virá."

Já o ensaísta Paco Ignacio Taibo acha que os mexicanos têm a sensação de que o PRI lidava melhor com o narcotráfico e por isso ganha espaço agora. "Há uma sensação de que vivíamos de modo mais harmônico, mas é equivocada, os problemas do PAN hoje já estavam aí antes", diz.

A votação de hoje define também a renovação total do Congresso, elegendo 128 senadores e 500 deputados.

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