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FMI vê riscos para economia americana

Impasse no Congresso pode dificultar ampliação do limite para a dívida federal, como ocorreu no ano passado

Fundo adverte que, além das dificuldades da zona do euro, EUA devem focar problemas do seu front doméstico

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

O Fundo Monetário Internacional reduziu sua projeção de crescimento para os EUA, alertou para a elevação dos riscos e afirmou que as eleições no país alimentam incertezas sobre seu futuro.

"Não sabemos quem vai tomar as decisões daqui a alguns meses, e está claro que isso é uma fonte de incerteza", disse à Folha Gian Maria Milesi-Ferretti, chefe da missão do FMI para os EUA.

"Isso é normal quando há visões tão díspares sobre a política econômica, mas confiamos que a ideia de que é preciso lidar com os problemas fiscais a médio prazo seja comum aos dois partidos."

O FMI apresentou ontem sua avaliação anual sobre os EUA -algo feito em todos os países-membros para tomar o pulso da economia local- com um tom mais sombrio do que o de seu relatório de projeções globais, em abril.

Os riscos destacados são a piora da situação na Europa, que pode prejudicar as exportações e solapar a confiança global, e, no plano interno, a falta de rumo para a consolidação fiscal, resultado do impasse no Congresso e na campanha presidencial.

"É fácil, para as autoridades, focar os problemas na zona do euro e seus possíveis efeitos", afirmou na apresentação a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde. "Mas também é importante debater quais são os problemas no front doméstico."

Tanto o comunicado final da missão liderada por Ferreti quanto as recomendações de Lagarde soam como alerta sobretudo à oposição republicana, que defende cortes amplos e bruscos sem contrapartida na arrecadação de impostos, o que o FMI contesta.

Em nenhum momento, porém, o Fundo cita pelo nome o governo Barack Obama nem o partido de oposição e seu candidato, Mitt Romney.

À BEIRA DO ABISMO

O crescimento, diz o FMI, deve se manter morno nos EUA por dois anos: em 2% neste ano e em 2,3% no próximo, 0,1 ponto percentual menos do que o projetado em abril para ambos os casos.

O desemprego, por sua vez, deve recuar mero 0,3 ponto até o fim de 2013, para 7,9%.

O quadro piora se o cenário político continuar a semear incertezas no econômico.

Nesse aspecto, é a questão fiscal a maior preocupação de Lagarde, que chamou atenção ainda para o setor imobiliário (na raiz da crise de 2008, sua atividade segue abaixo do nível pré-boom).

"Acreditamos ser necessária a consolidação fiscal, mas ela tem de ser feita de forma sensata", afirmou, em uma receita que ecoa a indicada a países sul-americanos nos anos 80. "Deve ser ancorada no médio prazo e não pode ser abrupta a ponto de frear o crescimento."

A diretora-gerente também exortou o Congresso americano a ampliar o limite da dívida federal tão logo ele seja atingido, no fim deste mês.

"Só a ameaça de um impasse pode ter efeitos negativos sobre toda a economia global." Em 2011, a protelação levou ao inédito rebaixamento dos EUA por uma agência de classificação de risco.

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