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Bancos perdem até 85% do valor em Bolsa

Setor sofre desvalorização internacional e ganha novos sotaques, com europeus e japoneses perdendo espaço

Chineses, canadenses e australianos avançam entre os 30 maiores bancos; dois brasileiros entram no páreo

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO
VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

O setor bancário é considerado um dos grandes culpados pela atual crise global, mas a derrocada econômica engoliu até 85% do valor em Bolsa das grandes instituições financeiras mundiais.

A queda, porém, não ficou restrita às ações no mercado: houve também uma troca de guarda no comando, com sotaques ausentes ou bem menos presentes até 2007.

Os europeus (Reino Unido, França, Suíça, Espanha, Itália e até Alemanha) e o Japão perderam espaço entre os 30 maiores bancos globais.

No lugar deles, chineses, canadenses e australianos avançaram, e houve a entrada de dois bancos brasileiros (Itaú Unibanco e Bradesco).

Essa mudança na liderança é um reflexo do que acontece na economia global: a recessão europeia e emergentes (mais Canadá e Austrália) resistindo melhor à crise.

Os EUA, epicentro da crise, continuam com 6 bancos entre os 30 maiores nas Bolsas, mas alguns, ainda que presentes na lista, tomaram fortes tombos. Outrora líder, o Citigroup perdeu 69% do valor e hoje é o décimo.

A rara exceção é o Wells Fargo, que comprou o rival Wachovia em 2008 e tem se mostrado resistente à crise, com lucro em alta por sete trimestres seguidos.

Porém nenhum dos gigantes perdeu mais que o francês Crédit Agricole, que tem um valor de mercado 85% inferior ao de cinco anos atrás, segundo dados da Bloomberg de junho de 2007 e o mesmo período deste ano -na média, os 30 maiores perderam 43% no mesmo intervalo.

Nesse período, a Apple teve alta de 416%, a Coca-Cola subiu 41%, e a Samsung registrou aumento de 54% em seu valor na Bolsa. A Petrobras, a maior brasileira, teve queda de 7% no período.

Ainda que o grande marco da crise tenha sido em setembro de 2008, com a quebra do Lehman Brothers, o período de junho de 2007 é mais claro para mostrar o ápice do "reinado" dos bancos.

Isso porque em julho dois fundos do banco de investimento Bear Stearns entraram em colapso, em um dos principais sinais de alerta no setor. Logo em seguida, houve várias trocas de comando em instituições dos EUA e registros de perdas bilionárias.

De 2008 para cá, o setor, na Europa e nos EUA, recebeu centenas de bilhões de dólares em injeção financeira dos governos ou teve bancos estatizados, para tentar evitar que o crédito secasse ainda mais e os efeitos da recessão fossem ainda mais graves.

Segundo Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, a perda dos bancos europeus reflete a economia em recessão e o fato de as instituições conviverem com títulos públicos de países com dívidas muito grandes, que contaminam seus balanços.

Isso acontece por exemplo na Espanha, que deu muito crédito imobiliário e tem que fazer aumento de provisões.

"De modo geral, está se criando um mal-estar em relação aos bancos porque as soluções estão vindo, mas não na velocidade que o mercado espera", afirmou.

Na Espanha, o governo estatizou o Bankia, um dos maiores bancos do país, e recebeu uma linha da Europa de até € 100 bilhões para injetar no segmento.

Para Santacreu, além dos australianos, brasileiros, canadenses e chineses, as instituições nos EUA e na Europa menos contaminadas ou com matriz de receita mais diversificada sofrem menos.

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