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Análise

Pequim precisa encontrar um novo modelo econômico

JONATHAN FENBY
DO “GUARDIAN”

Nós estamos tão acostumados com números fortes da economia chinesa que a queda nos dados desta semana parece indicar tempos difíceis para a segunda maior economia mundial.

Mas, ainda que seja preciso cautela na avaliação do país comunista, os dados são na verdade positivos -desde que as pessoas no comando mantenham a calma.

É claro que o crescimento de 7,6% está abaixo dos 8,1% do primeiro trimestre -e é um forte contraste com a expansão de dois dígitos alcançada com o pacote de estímulo do fim de 2008.

Junho trouxe um grande superavit comercial que se deveu principalmente à queda na importação das commodities que a China engolia para alimentar sua expansão turbinada. Outros números (uso de eletricidade, transporte de mercadorias por ferrovia) não parecem bons.

Mas esses fatores não escondem o principal cenário. Depois de todo o sucesso desde a reforma de Deng Xiaoping, lançada há 34 anos, a China precisa encontrar um novo modelo. A dependência de uma massa de trabalhadores barata, capital fácil e mercados abertos para suas exportações não é mais viável.

Os líderes chineses sabem que precisam tirar o país da volatilidade dos últimos cincos anos: um grande boom em 2007, derrubada em 2008, retomada em 2010-2011 e, agora, nova desaceleração.

Eles precisam de um cenário mais estável no médio prazo para coincidir com a chegada ao poder de uma nova geração de líderes comunistas no fim deste ano e da escolha de governo em março.

Ou seja, um crescimento sustentável na casa de 7%, 8%, ao mesmo tempo em que o país desenvolve o setor de serviços e provisões adequadas em saúde, educação e aposentadorias.

Isso exige uma série de reformas estruturais (mercado de capitais, propriedade de terras etc.) pelas quais Hu Jintao e Wen Jiabao lutaram timidamente. Xi Jinping, que deve substituir Hu no fim do ano, não é conhecido por assumir riscos, mas um debate sério sobre a necessidade de reforma econômica, e não política, está ocorrendo.

O verdadeiro teste não está no dado trimestral, mas na vontade política no topo.

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