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Síria está em guerra civil, diz Cruz Vermelha

Declaração coloca civis e presos sob proteção de leis internacionais; anúncio ocorre após massacre contestado

Ativistas denunciam "massacre", contudo Damasco nega morte de civis em Tremseh e fala em "operação militar"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha) declarou ontem estado de guerra civil na Síria. E confirmou que o conflito no país se estende além de Hama, Idlib e Homs (bastiões da oposição).

A definição delimita as leis do conflito. Além de aparato de proteção a civis, ficam fixadas condições para futuros processos jurídicos por crimes de guerra.

"O que importa é que agora as leis humanitárias se aplicam ao país, o que significa que civis e aqueles que não estão envolvidos no conflito devem ser protegidos", disse o porta-voz do CICV, em Genebra, Alexis Heeb ao jornal "The Guardian".

A decisão da Cruz Vermelha é um marco nos 17 meses da revolta síria, em que protestos pacíficos deram lugar a crescente conflito armado.

O anúncio ocorreu horas após um oficial sírio ter negado que forças do governo cometeram massacre na cidade de Tremseh na última quinta. O regime do ditador Bashar Assad rejeita afirmação da ONU de que o ataque foi realizado com helicópteros e artilharia pesada.

Equipes da ONU retornaram a Tremseh ontem, no segundo dia de investigações das mortes. Moradores do local afirmam que cerca de 150 pessoas foram mortas em sete horas de bombardeios e tiroteios, seguidos de um grande ataque do Exército.

Segundo testemunhas, soldados revistaram as casas, levando alguns moradores. No sábado, monitores da ONU encontraram poças de sangue e balas no local.

Mas informaram que os alvos pareciam específicos: casas onde estariam escondidos desertores e ativistas.

Damasco classifica os opositores armados do governo de "terroristas" e alega que Tremseh tinha sido infiltrada por jihadistas estrangeiros.

Segundo o porta-voz da chancelaria síria, Jihad Makdissi, 37 pessoas foram mortas, a maioria rebeldes. "Isso não foi um massacre, foi uma operação militar. Helicópteros foram usados apenas para vigilância", afirmou.

A ONU estima que mais de 10 mil pessoas já morreram no país desde o início da revolta. Segundo ativistas, a capital, Damasco, teve ontem o dia de mais violentos combates, espalhados por diversos bairros, e 57 pessoas morreram em todo o país.

No front diplomático, o enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan, se reúne amanhã em Moscou com o presidente russo, Vladimir Putin, para negociações sobre seu plano de paz.

O chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi, afirmou ontem que o Irã estaria disposto a mediar o diálogo entre o governo e a oposição na Síria.

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