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Espanha tem protestos em 80 cidades contra cortes

Funcionalismo reclama de perda de benefícios; 80 mil vão às ruas em Madri

Cresce desconfiança nos mercados sobre pacote do governo, e investidores pedem juros mais altos

Sergio Perez/Reuters
Bombeiros lançam espuma em protesto em Madri contra plano de austeridade do governo
Bombeiros lançam espuma em protesto em Madri contra plano de austeridade do governo

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

Em um dia negro para o governo espanhol no mercado, na política e nas ruas, funcionários públicos protestaram em 80 cidades contra o pacote de ajustes anunciado semana passada pelo premiê Mariano Rajoy.

Foi o sexto dia consecutivo de protestos do funcionalismo, revoltado com os cortes no setor -no total, o plano do governo envolve economia de € 65 bilhões.

Pela primeira vez, no entanto, policiais federais e civis, bombeiros, guardas de trânsito, enfermeiros, empregados de ministérios e professores marcharam juntos exigindo revogação do pacote.

A principal revolta é contra o corte do bônus de fim de ano, uma espécie de 13º salário incorporado à folha de pagamento e que, segundo Rajoy anunciou, já não receberão a partir deste ano.

Além disso, as folgas anuais serão reduzidas de seis para quatro, e o valor que recebem durante a licença médica será reduzido.

Os principais protestos aconteceram pouco depois de o governo aprovar o pacote no Congresso dos Deputados, que teve de ser cercado pela polícia. Pela primeira vez, o Partido Popular, de Rajoy, aprovou uma matéria sem o apoio de nenhum outro partido, apenas com a maioria que tem na Casa.

A aprovação não aplacou a desconfiança do mercado. O risco-país chegou a 5,82 pontos percentuais, um dos níveis mais altos do ano, e o título de dez anos foi negociado por investidores acima de 7%, percentual considerado crítico por analistas.

Também preocupante foi o fato de que o leilão de títulos da dívida pública teve baixa procura e o governo teve que oferecer juros altos para negociar seus papéis.

Mesmo os títulos de dois anos, de curto prazo, sofreram -o governo pagou juro de 5,2%, mostrando que os investidores estão reticentes quanto ao futuro espanhol.

"Rajoy está isolado. Já perdeu apoio popular, dos mercados e de partidos da base. Só se blinda pelo respaldo da [chanceler alemã] Angela Merkel", disse o cientista político Tomás Cuevas.

As manifestações interromperam o centro de cidades como Madri, Barcelona, Valência, Bilbao e Sevilha. A maior delas aconteceu na capital, com cerca de 100 mil pessoas, segundo estimativa de meios de comunicação, e de 80 mil, para a polícia.

"O que Rajoy quer cortar não é um bônus, mas, sim, parte do nosso salário, que é dividido em 14 prestações ao ano", disse a enfermeira Blanca Cobo.

Os sindicatos pediram um referendo sobre o pacote. Caso contrário, prometem uma greve geral em setembro.

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