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Espanha tem protestos em 80 cidades contra cortes Funcionalismo reclama de perda de benefícios; 80 mil vão às ruas em Madri Cresce desconfiança nos mercados sobre pacote do governo, e investidores pedem juros mais altos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI Em um dia negro para o governo espanhol no mercado, na política e nas ruas, funcionários públicos protestaram em 80 cidades contra o pacote de ajustes anunciado semana passada pelo premiê Mariano Rajoy. Foi o sexto dia consecutivo de protestos do funcionalismo, revoltado com os cortes no setor -no total, o plano do governo envolve economia de € 65 bilhões. Pela primeira vez, no entanto, policiais federais e civis, bombeiros, guardas de trânsito, enfermeiros, empregados de ministérios e professores marcharam juntos exigindo revogação do pacote. A principal revolta é contra o corte do bônus de fim de ano, uma espécie de 13º salário incorporado à folha de pagamento e que, segundo Rajoy anunciou, já não receberão a partir deste ano. Além disso, as folgas anuais serão reduzidas de seis para quatro, e o valor que recebem durante a licença médica será reduzido. Os principais protestos aconteceram pouco depois de o governo aprovar o pacote no Congresso dos Deputados, que teve de ser cercado pela polícia. Pela primeira vez, o Partido Popular, de Rajoy, aprovou uma matéria sem o apoio de nenhum outro partido, apenas com a maioria que tem na Casa. A aprovação não aplacou a desconfiança do mercado. O risco-país chegou a 5,82 pontos percentuais, um dos níveis mais altos do ano, e o título de dez anos foi negociado por investidores acima de 7%, percentual considerado crítico por analistas. Também preocupante foi o fato de que o leilão de títulos da dívida pública teve baixa procura e o governo teve que oferecer juros altos para negociar seus papéis. Mesmo os títulos de dois anos, de curto prazo, sofreram -o governo pagou juro de 5,2%, mostrando que os investidores estão reticentes quanto ao futuro espanhol. "Rajoy está isolado. Já perdeu apoio popular, dos mercados e de partidos da base. Só se blinda pelo respaldo da [chanceler alemã] Angela Merkel", disse o cientista político Tomás Cuevas. As manifestações interromperam o centro de cidades como Madri, Barcelona, Valência, Bilbao e Sevilha. A maior delas aconteceu na capital, com cerca de 100 mil pessoas, segundo estimativa de meios de comunicação, e de 80 mil, para a polícia. "O que Rajoy quer cortar não é um bônus, mas, sim, parte do nosso salário, que é dividido em 14 prestações ao ano", disse a enfermeira Blanca Cobo. Os sindicatos pediram um referendo sobre o pacote. Caso contrário, prometem uma greve geral em setembro. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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