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Itamaraty pretende trocar sistema de envio de dados

Troca de informações sigilosas com postos no exterior é feita hoje por meio que depende da internet pública

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

Preocupado com a ação de hackers, o Itamaraty pretende aposentar a internet e passar a enviar informações sigilosas por meio de uma rede de satélites.

Hoje, a troca de telegramas entre Brasília e os 226 postos do Brasil no exterior é feita por meio de um sistema interno de comunicação que depende da internet pública para que as informações, criptografadas, cheguem ao destinatário correto.

"O sistema é meio vulnerável ainda", afirma João Pedro Corrêa, diretor do Departamento de Comunicações e Documentação da pasta.

Em abril, uma empresa foi contratada para avaliar os custos e a viabilidade da extensão da rede. Segundo o edital, o uso de satélites se faz necessário diante "de questões sensíveis e de interesses vitais para o Estado brasileiro" tratados nos telegramas.

A estimativa é que a montagem do sistema custe até R$ 15 milhões, além de um custo operacional de R$ 6 milhões a R$ 10 milhões ao ano.

Somente em 2011, 168,2 mil telegramas foram enviados do exterior para o Palácio Itamaraty -uma média de 461 mensagens por dia.

A avaliação é que a tecnologia usada hoje está defasada diante das alternativas disponíveis e utilizadas por Chancelarias como as dos EUA, da China e da França.

A invasão feita por hackers em sites do governo, no ano passado, foi outro fator que motivou a mudança.

O uso de satélites pode ajudar ainda a superar deficiências que hoje atrapalham a comunicação em determinadas áreas. Alguns postos do Brasil na África, por exemplo, se comunicam com a sede por meio de internet discada. A rede de satélites, por sua vez, independe da estrutura local.

Para Corrêa, o investimento vai dar maior segurança aos dados recebidos e enviados pelos diplomatas e alterar o trabalho dos servidores.

"Vai ser possível fazer videoconferências com segurança, agilizar a transmissão de informações. Será um ganho de produtividade muito grande." O Itamaraty estuda a compra de cerca de 600 computadores com câmera embutida, para permitir esse tipo de contato.

Hoje alguns postos do Brasil no exterior, como as embaixadas na China e em Mianmar, já usam satélites. O motivo não é segurança, mas sim driblar a ingerência dos Estados no que pode ou não ser acessado na internet.

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