Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Análise Regime sírio já 'caiu'; é preciso decidir o que acontecerá depois
SAMIR AITA A história está em aceleração na Síria, mas em que direção? O assassinato dos membros do alto escalão foi um sério revés para o regime sírio. Surgiu em um momento crucial, quando elementos do Exército Livre da Síria se esforçavam por colocar o regime sob pressão em Damasco. O moral da oposição melhorou e outros grupos aderiram à batalha, liberando cidades e postos de fronteira. O Exército regular continua forte, bem como a milícia shabiha [fantasma, em árabe] que defende Bashar Assad. Mas há questões sobre o desfecho da luta. O Exército continuará a seguir Assad, seu irmão Maher e seus primos, os verdadeiros líderes do conflito? Ou será possível cessar-fogo entre o Exército regular e o "livre"? O que torna difícil um cessar-fogo assim é a existência da shabiha, bem como de outros grupos oposicionistas motivados por desejo de vingança sunita ou orientados pela rede Al Qaeda, apoiados por potências regionais. A milícia começa a remover suas famílias das grandes cidades. Os demais grupos aproveitam o caos para matar em base sectária. Os dois lados podem levar a Síria a uma espiral de violência com muito mais vítimas e rumo a uma divisão do país com base no domínio de regiões. O acordo de junho em Genebra sobre a transição deveria ter relaxado a disputa entre as superpotências e transferido a pressão às potências regionais. Mas os EUA optaram pelo confronto e pressionaram o Conselho de Segurança a impor sanções a um Estado já em colapso. É claro que o veto da Rússia às sanções pode ser compreendido como sinal de que ela prefere perder a Síria como aliada a abandoná-la. Mas também pode significar que Moscou prevê um papel importante na força de paz que talvez se prove necessária quando as instituições estatais da Síria desabarem de vez. Russos, americanos e outros sabem que o regime já "caiu" e que Assad precisa partir. O que resta decidir é o que acontece depois. SAMIR AITA é editor-chefe da edição árabe do "Le Monde Diplomatique". Tradução de PAULO MIGLIACCI Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |